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O cancelamento dos Jogos Olímpicos de Tóquio, cujo início estava programado para julho, embora esperado, cai como uma bomba no mundo esportivo e em toda a sua estrutura de negócios. Pesquisadores da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) analisam as consequências dentro e fora das arenas de competição.
O professor da Faculdade de Educação Física e Desportos (Faefid), Renato Miranda, aponta que há alguns impactos iniciais e consequências complexas. A previsão de realização no próximo ano traz como preocupações não apenas a situação dos atletas, mas aquelas que envolvem questões comerciais e todo o setor de turismo. “Muita gente já havia feito reservas, comprado ingressos. A identidade visual seria outro problema, mas está mantida e, mesmo em 2021, o nome permanece ‘Tóquio 2020’, para que não haja prejuízos nas confecções de materiais, como medalhas, pódios e outros”, explica.
Também pesquisador sobre psicologia no campo desportivo, Miranda alerta que os esportistas podem sofrer impactos psicológicos, mediante a quebra de expectativas, da dedicação, do estado físico, dos custos financeiros e da relação com patrocinadores, mas percebe a decisão do Comitê Olímpico Internacional (COI) como uma medida assertiva. Além disso, aponta que, de um modo geral, a atualidade fornece aos competidores boas condições de preparo, permitindo aliviar possíveis impactos e manter um bom condicionamento para 2021.
“De fato é algo que deixa o desportista preocupado. Uma das principais questões é a do estado físico atual. Suponhamos que um atleta, de qualquer modalidade, esteja vivenciando um período de alta performance, bom desempenho, com a saúde plena e tecnicamente excelente. Quando há o cancelamento, surge uma frustração muito grande que aumenta as tensões, porque ele passa a agir em um ambiente de muitas incertezas”, explica.
Decisão acertada
Em relação à desenvoltura do país-sede e do COI, o pesquisador da área de megaeventos esportivos, Márcio Guerra, explica que os únicos prejuízos que podem vir a ocorrer diante do adiamento estão focados na questão pertinente à organização. “O Japão investiu muito dinheiro para a realização dos Jogos Olímpicos, e o adiamento, certamente, impacta na economia do país, apesar de a estrutura permanecer mantida para o ano que vem, deixando de ser um problema. Além disso, em termos de imagem, seria muito pior para o evento se ele fosse mantido. Pareceria descaso diante da situação mundial, onde, talvez, muitos países não fossem representados. A decisão, apesar de demorada, foi a mais acertada.”
Condicionamento físico x idade
Com relação a idade, excluindo as questões normativas das Olimpíadas, os atletas estarão um ano mais velhos, mas segundo a avaliação de Miranda, não é um fator que causa muitos impactos negativos, salvo algumas exceções. O professor explica que podem acontecer perdas de desempenho, porém é uma oportunidade do competidor ganhar mais experiência para uma melhor atuação. “É importante pensar que há um grupo de atletas mais velhos, naquelas modalidades que permitem competidores de 34 e 35 anos, por exemplo. Neste caso, eles podem sentir um pouco mais. No entanto, acredito que atletas olímpicos são muito capazes e têm condição para se manterem bem fisicamente neste período de um ano.”
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