Leia o texto a seguir:
“Marcela”
Gostava muito das nossas antigas dobras de ouro, e eu levava-lhe quantas podia obter; Marcela juntava-as dentro de uma caixinha de ferro, cuja chave ninguém nunca jamais soube onde ficava; escondia-a por medo dos escravos. A casa em que morava, nos cajueiros, era própria. Eram sólidos os móveis, de jacarandá lavrado, e todas as demais alfaias, espelhos, jarras, baixela – uma linda baixela da Índia que lhe doara um desembargador. Baixela do diabo, deste-me grandes repelões aos nervos. Disse-o muita vez à própria dona; não lhe dissimulava o tédio que me faziam esses e outros despojos dos seus amores de antanho. Ela ouvia-me e ria, com uma expressão cândida e outra coisa, que eu nesse tempo não entendia muito bem; mas agora, relembrando o caso, penso que era um riso misto, como devia ter a criatura que nascesse, por exemplo, de uma bruxa de Shakespeare com um serafim de Klopstock.
(“Memórias póstumas de Brás Cubas”, de Machado de Assis)
A partir do texto, NÃO é possível afirmar:
A) Há algumas características da personalidade de Bentinho, como o seu desejo de que Capitu dê atenção somente para ele.
B) A forma como o narrador retoma os fatos torna o relato também pessoal.
C) O narrador-personagem se refere ao leitor algumas vezes, imaginando que este poderia pensar ou reafirmando fatos que já mencionara.
D) Apesar de ser um discurso pautado na memória, a história de Capitu e Bentinho é contada em ordem cronológica, assim como ocorre na obra Memórias Póstumas de Brás Cubas.
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B) forma como o narrador retoma os fatos torna o relato também pessoal
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