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Resposta:
No período pós-1960, observou-se um crescente engajamento da população rural em atividades não-agrícolas desenvolvidas no campo ou nas cidades, na grande maioria dos países desenvolvidos1 e em desenvolvimento.2 Com isso, as ocupações não-agrícolas (Orna) passaram a ter um peso cada vez maior na renda dos residentes e das famílias rurais.3
No Brasil, Del Grossi (1999) observou que a população rural não é exclusivamente agrícola, uma vez que mais de 3,9 milhões de pessoas estavam ocupadas em atividades não-agrícolas, em 1995, o que representava 26% da PEA rural ocupada. Segundo o autor, a PEA rural não-agrícola, de certa forma, vem mantendo o contingente de trabalhadores rurais, pois, enquanto os ocupados na agricultura permaneceram estagnados entre 1981 e 1995, a PEA rural não-agrícola aumentou em quase 1 milhão de pessoas em todo o país, principalmente nas regiões Sudeste e Centro-Oeste.
Especificamente no Estado de São Paulo, a demanda de mão-de-obra na agropecuária apresentou queda ao longo dos anos 90, devido à incorporação de modernas tecnologias disponíveis para os agricultores ¾ principalmente aquelas destinadas às operações de colheita e pós-
colheita ¾ e à queda da área cultivada em importantes culturas. Como resultado, a PEA agrícola paulista passou de 1.261 mil pessoas ocupadas, em 1992, para apenas 944 mil, em 1998, segundo os dados da PNAD. O fato de a PEA agrícola estar distribuída de forma semelhante entre os domicílios urbanos e rurais (havia um certo predomínio dos urbanos ¾ 53% do total, em 1998) fez com que a queda das ocupações na agricultura paulista fosse sentida tanto nas cidades como no meio rural.
Na área rural, especificamente, a "saída" para a população residente foi encontrar ocupações fora da agricultura, no próprio campo ou nas cidades. Esse movimento ganhou tal magnitude no Estado que, no final dos anos 90, mais de 50% da população economicamente ativa (PEA) com residência rural ocupava-se em atividades não-agrícolas (569 mil pessoas, em 1998). No período 1992-97, houve uma inversão a favor das ocupações não-agrícolas, em detrimento das agrícolas, culminando com a maior ocupação dos residentes rurais nos mais diversos ramos da atividade econômica (Balsadi, 2000).
Um fenômeno que auxilia no entendimento dessa inserção da população rural em atividades não-agrícolas é o commuting, ou seja, o ir e vir (diário, semanal, etc.) da residência para o local de trabalho em áreas consideradas urbanas. Segundo Schindegger e Krajasits (1999), o aumento da mobilidade das pessoas é uma reação ao processo de concentração geográfica da demanda de mão-de-obra no mercado de trabalho em algumas regiões privilegiadas. Essa mobilidade apresenta, segundo os autores, duas formas: os movimentos migratórios, com mudança de residência; e o commuting entre os locais de residência e de trabalho. Essa mobilidade constitui-se em importante mecanismo de "balanceamento" para o mercado de trabalho regional. Os autores observaram dois movimentos interessantes no commuting: primeiro, ele está crescendo muito devido a maior concentração do emprego, incluindo ampliação nas distâncias percorridas e nos tempos de deslocamento; segundo, esse crescimento é muito maior nas áreas consideradas rurais, que ficam muito dependentes dos centros urbanos para a geração de empregos.
Dada a importância e a atualidade do tema, dentro da visão de que, a partir de meados do século XX, a agricultura, o espaço e a sociedade rural têm (ou podem ter) caminhos dissociados a percorerr (Baptista, 1997), o texto tem por objetivo apontar algumas das principais transformações que têm ocorrido no meio rural, com reflexos diretos na alteração da estrutura ocupacional da população rural, o que, certamente, coloca novos desafios para as políticas que buscam um desenvolvimento sustentável. Além das mudanças no meio rural, o texto também aponta a forte influência das demandas da população urbana, principalmente dos grandes centros, no crescimento das ocupações não-agrícolas da PEA rural.
Explicação:
Espero ter ajudado ❤️
Resposta: O espaço rural