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A civilização cristã europeia emergiu, como civilização distinta, a partir do século VIII. As civilizações chinesa e islâmica eram, nessa época, civilizações superiores, em riqueza, poder militar, territórios, cultura e ciência.
No século XI (1054), dá-se a separação entre a cristandade ocidental e oriental (ortodoxa) e, no século XV, os mouros são finalmente expulsos da Península Ibérica, iniciando-se, na mesma época, a expansão portuguesa em África e na Ásia e a espanhola nas Américas. Todo o hemisfério ocidental e partes significativas do continente asiático estiveram debaixo do domínio de potências europeias.
No final do século XVIII, os europeus começam a perder o controlo sobre o continente americano, inicialmente com a independência dos EUA e, posteriormente, de toda a América do Sul e Central. Porém, durante o século XIX, o domínio europeu ressurge em África, entendendo-se à quase totalidade do continente, consolida-se na Índia e, no início do século XX, estende-se ao Médio Oriente, com excepção da Turquia. Em 1900, como é atribuído à Rainha Vitória, “o Sol nunca se punha no Império Britânico”, que possuía mais de um quinto das terras do mundo.
Assim, durante cerca de quatro séculos, a civilização, cultura e religiões europeias dominaram e subjugaram outro tipo de sociedades. Samuel Huntington defende que a razão fundamental da expansão europeia foi tecnológica: descoberta de processos de navegação oceânica e desenvolvimento de meios militares para as conquistas.
“O Ocidente venceu o mundo, não pela superioridade das suas ideias, valores ou religião, (...) mas antes pela superioridade em aplicar a violência organizada. Os Ocidentais esquecem, com frequência, este facto; os não-ocidentais, nunca.”[1]
A seguir à II Guerra Mundial, iniciou-se o surto de independências das colónias das potências europeias. A Carta das Nações Unidas expressou o princípio da autodeterminação dos povos, mas a emancipação política das colónias e dos satélites não impediu a manutenção de outras formas de dominação imperialista, quer de natureza político-diplomática quer de natureza económica. Não é já possível separar, de forma clara, a não ser teoricamente, o domínio político do económico.
Derrubado o “muro de Berlim” e terminada a “guerra fria”, a URSS dissolveu-se e assistiu-se à autodeterminação da maior parte das suas repúblicas e países satélites da Europa de Leste.
Pensa-se ser útil e importante, nesta época de transformações nas relações internacionais, olhar um pouco para trás e analisar e reflectir sobre os conceitos de “colonialismo” e “imperialismo”, que dominaram aquela cena durante tantos séculos e que têm sido apontados como causadores de tantos malefícios à comunidade internacional.
Estará o problema definitivamente ultrapassado? O mundo inteiro é um mercado único e o comércio pacífico parece florescer. Não será isto a realização de um sonho da humanidade? Não estarão agora a paz e a harmonia globais ao nosso alcance? A resposta que se adianta, desde já, é negativa!