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O PROCESSO DE URBANIZAÇÃO
O processo de urbanização, principalmente nos países em desenvolvimento, é uma das mais agressivas formas de relacionamento entre o homem e o meio ambiente. As cidades antigas eram menores, mais harmônicas e, mesmo quando erguidas em locais ambientalmente inadequados, agrediam menos o meio ambiente.
A partir da revolução industrial, o processo de crescimento das cidades se acelerou pelas duas razões já apontadas: a necessidade de mão-de-obra nas indústrias e a redução do número de trabalhadores no campo. A industrialização promoveu de modo simultâneo os dois eventos, um de atração pela cidade, outro de expulsão do campo. Antes da revolução industrial não havia nenhum país onde a população urbana predominasse. No começo deste século, apenas a Grã-Bretanha possuía a maior parte de sua população vivendo em cidades (Munford 1982). Pode-se afirmar que o Século XX é o século da urbanização, pois nele se acentuou o predomínio da cidade sobre o campo. Salvo regiões muito atrasadas, que permanecem com características nitidamente rurais, o processo de urbanização prossegue em marcha acelerada.
A idéia da fixação do homem no campo como forma de evitar o crescimento das cidades carece de realismo. As pessoas vão para o meio urbano em busca de oportunidades para melhorar a vida, de emprego, de escola, coisas que nem sempre são encontradas em pequenos povoados do interior. A cidade pode ser associada a uma unidade produtiva complexa, produzindo ampla variedade de bens e serviços, estando permanentemente em busca de economias de escala, e sempre exercendo forte atração sobre os seres humanos.
Do mesmo modo que muitas atividades econômicas superam as suas escalas econômicas de produção, as cidades que crescem desmesuradamente acabam por exceder o denominado "tamanho ideal" e, a partir daí, passam a impor problemas econômicos de escala a grande parte dos estabelecimentos industriais ou comerciais ali instalados. Esses problemas econômicos se fazem refletir nos custos de produção, na saturação dos sistemas de abastecimento d'água, no elevado tempo de viagem imposto aos trabalhadores, nos problemas de abastecimento causados por dificuldades no trânsito, nas restrições para resolver o problema dos rejeitos, e assim por diante.
No momento em que a cidade entra numa curva de perda das vantagens inicialmente oferecidas pelo processo industrial, o lógico seria iniciar a descentralização das atividades, buscando outras localidades mais vantajosas. Mas não é isso que ocorre. A cidade continua crescendo, assistindo inerte à degradação de seu meio ambiente e de sua qualidade de vida, como alguém que espera a morte sem qualquer reação. A descentralização só tem ocorrido muitos e muitos anos depois do completo inchamento e da considerável destruição do meio ambiente nos grandes centros urbanos.