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O século XX foi marcado pela urbanização da sociedade e, ao longo destes 100 anos, inúmeras foram as transformações que ocorreram na produção, na distribuição, na troca, no consumo e nas relações sociais. A dinâmica social e espacial deste período é caracterizada pelo "modo de vida urbano".
Nesse mundo urbano em transformação, o comércio tem tido papel de destaque, pois a sociedade capitalista, no decorrer de seu desenvolvimento, foi produzindo cada vez mais, uma maior gama de objetos diferenciados, tornando-se necessária a sua realização. Nessa perspectiva é que procuramos explicar as mudanças que ocorreram no âmbito do comércio, destacando suas formas e suas adaptações aos novos padrões sociais de consumo, para que se possa compreender melhor o espaço urbano.
Segundo MARX (1974), as etapas da produção material ocorrem de maneira simultânea, estando produção, distribuição, troca e consumo, intimamente relacionadas entre si.
"A produção é, pois imediatamente consumo; o consumo é, imediatamente, produção. Cada qual é imediatamente seu contrário. Mas, ao mesmo tempo, opera-se um movimento mediador entre ambos. São elementos de uma totalidade". MARX (1974, p.119).
As constantes transformações da produção, especialmente quanto ao sistema produtivo, tendo em vista a incorporação de novas tecnologias, fizeram com que o comércio, enquanto parte da produção da sociedade, também sofresse mudanças.
No Brasil, as transformações no comércio se intensificam após a II Guerra Mundial, com a consolidação e expansão da industrialização de nosso território, principalmente pela indústria automobilística, eletroeletrônica e de bens de consumo não duráveis. A industrialização acelerou o processo de urbanização, particularmente a partir da década de 1960.
O comércio, neste momento passa a introduzir novas formas para a reprodução do capital, sendo os principais fatores, segundo PINTAUDI (1989, p.82), "a produção em massa, concentração crescente de pessoas nas cidades, aumento qualitativo e quantitativo do consumo e a generalização do uso do automóvel" foram responsáveis pela introdução de novas formas comerciais para que a reprodução do capital fosse adequada.
Estes fatores foram primordiais para a realização do lucro e para a consolidação de novas formas e de novos padrões de localização do comércio nas cidades.
O automóvel, que passa a ser um objeto de presença constante no país, nesse momento, vai ser um dos elementos que contribuíram para modificações substancias na estrutura das cidades, principalmente no movimento de reprodução e ampliação do espaço urbano. O automóvel possibilitou maiores deslocamentos dentro das cidades, o que contribuiu para o surgimento de inúmeras formas de abastecimento; ele ampliou o raio de ação dos consumidores e passou, assim, ser um elemento essencial de circulação dentro das cidades.
Quanto ao consumo, o aumento e a diversificação de mercadorias oferecidas, possibilitaram sua especialização, segmentação e individualização, isto é, a produção passou a colocar no mercado, um rol de mercadorias maior para atender uma demanda cada vez maior e mais diversificada, atendendo os mais variados gostos e desejos.
Desde logo, concordamos com TOURAINE (1994), quando afirma que vivemos numa sociedade de consumo, onde as mercadorias passam a mediar nossas relações formando uma sociedade que vive a "modernidade triunfante" na expressão do referido Autor (1994, p.15). A emergência dessa sociedade de consumo, é fruto dos avanços e das mudanças que a sociedade, principalmente neste século, sofreu. O processo de mudança produtiva e de difusão das mercadorias, possibilitaram que novos valores sociais fossem surgindo, fundamentalmente baseados no consumo. A individualização do consumo, proporcionada pela diversificação e especialização da produção, é atualmente um dos grandes elementos para se compreender os novos padrões da sociedade.
TOURAINE (1994), afirma que a Sociedade de Consumo nos levou a um mundo de sinais, onde o arranjo entre eles invade nossas vidas, proporcionando uma satisfação imediata de nossas necessidades.
"nunca se consome um objeto em si (no seu valor de uso), os objetos (no sentido lato), manipulam-se sempre como signos que distinguem o indivíduo, quer filiando-o no próprio grupo, tornando como referência ideal, quer demarcando-o do respectivo grupo, por referência a um grupo superior".
O consumo aparece como elemento integrante da produção, pois a partir da manipulação de objetos, desejos e gostos, vai demandar uma determinada produção, para determinados grupos.
"A produção desses signos se integra na produção global e desempenha u