Os Ombros Suportam O Mundo
(Carlos Drummond de Andrade)
Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.
Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.
Pouco importa venha velhice, que é a velhice?
Teus ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo,
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.
ANDRADE, Carlos Drummond de. Antologia poética. 56ª ed. Rio de Janeiro: Record, 2005.
3. Como o poeta se refere aqueles que se recusam a enfrentar a realidade que os cerca?
5. Que expressão é usada pelo eu poético para sugerir que o peso dos problemas que o cercam não o abate?
6. Explique o que o poema quis dizer com o verso: “E o coração está seco”.
é urgente se puderem me responder logo, eu agradeço.
mas sem respostas bobas
Respostas
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Resposta:
3: como "os delicados”
5: "teus ombros suportam o mundo, e ele não pesa mais que a mão de uma criança”
6: quis dizer uma pessoa com dificuldade ou impossibilidade de sentir e/ou se emocionar.
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