• Matéria: Português
  • Autor: tasilvaczs17
  • Perguntado 5 anos atrás

Questão 1 – Leia o poema abaixo e responda as questões sobre a poesia intimista de Carlos

Drummond de Andrade.

José

E agora, José?

A festa acabou,

a luz apagou,

o povo sumiu,

a noite esfriou,

e agora, José?

e agora, você?

você que é sem

nome,

que zomba dos

outros,

você que faz

versos,

que ama, protesta?

e agora, José?

Está sem mulher,

está sem discurso,

está sem carinho,

já não pode beber,

já não pode fumar,

cuspir já não pode,

a noite esfriou,

o dia não veio,

o bonde não veio,

o riso não veio,

não veio a utopia

e tudo acabou

e tudo fugiu

e tudo mofou,

e agora, José?

E agora, José?

Sua doce palavra,

seu instante de

febre,

sua gula e jejum,

sua biblioteca,

sua lavra de ouro,

seu terno de vidro,

sua incoerência,

seu ódio — e agora?

Com a chave na

mão

quer abrir a porta,

não existe porta;

quer morrer no mar,

mas o mar secou;

quer ir para Minas,

Minas não há mais.

José, e agora?

Se você gritasse,

se você gemesse,

se você tocasse

a valsa vienense,

se você dormisse,

se você cansasse,

se você morresse...

Mas você não

morre,

você é duro, José!

Sozinho no escuro

qual bicho-do-mato,

sem teogonia,

sem parede nua
para se encostar,

sem cavalo preto

que fuja a galope,

você marcha, José!

José, para onde?

Questão 2 – Leia o poema abaixo de Carlos Drummond de Andrade.

Poema de Sete

Faces

Quando nasci,

um anjo torto

desses que

vivem na

sombra

disse: Vai,

Carlos! ser

gauche na vida.

As casas

espiam os

homens

que correm

atrás de

mulheres.

A tarde talvez

fosse azul,

não houvesse

tantos desejos.

O bonde passa

cheio de

pernas:

pernas brancas

pretas

amarelas.

Para que tanta

perna, meu

Deus, pergunta

meu coração.

Porém meus

olhos

não perguntam

nada.

O homem atrás

do bigode

é sério, simples

e forte.

Quase não

conversa.

Tem poucos,

raros amigos

o homem atrás

dos óculos e do

bigode,

Meu Deus, por

que me

abandonaste

se sabias que

eu não era

Deus

se sabias que

eu era fraco.

Mundo mundo

vasto mundo,

se eu me

chamasse

Raimundo

seria uma rima,

não seria uma

solução.

Mundo mundo

vasto mundo,

mais vasto é

meu coração.

Eu não devia te

dizer

mas essa lua
mas esse

conhaque

botam a gente

comovido como

o diabo.
Leia as poesias abaixo para responder as questões.

TEXTO 1

Romance LIII ou das

Palavras Aéreas

Ai, palavras, ai, palavras,

que estranha potência, a

vossa!

ai, palavras, ai, palavras,

sois de vento, ides no

vento,

no vento que não retorna,

e, em tão rápida existência,

tudo se forma e transforma!

Sois de vento, ides no

vento,

e quedais, com sorte nova!

Ai, palavras, ai, palavras,

que estranha potência, a

vossa!

todo o sentido da vida

principia à vossa porta;

o mel do amor cristaliza

seu perfume em vossa rosa;

sois o sonho e sois a

audácia,

calúnia, fúria, derrota...

A liberdade das almas,

ai! com letras se elabora...

E dos venenos humanos

sois a mais fina retorta:

frágil, frágil como o vidro

e mais que o aço poderosa!

Reis, impérios, povos,

tempos,

pelo vosso impulso rodam...

Detrás de grossas paredes,

de leve, quem vos

desfolha?

Pareceis de tênue seda,

sem peso de ação nem de

hora...

– e estais no bico das

penas,

– e estais na tinta que as

molha,

– e estais nas mãos dos

juízes,

– e sois o ferro que arrocha,

– e sois barco para o exílio,

– e sois Moçambique e

Angola!

Ai, palavras, ai, palavras,

íeis pela estrada afora,

erguendo asas muito

incertas,

entre verdade e galhofa,

desejos do tempo inquieto,

promessas que o mundo

sopra...

Ai, palavras, ai, palavras,

mirai-vos: que sois, agora?

– Acusações, sentinelas,

bacamarte, algema, escolta;

– o olho ardente da perfídia,

a velar, na noite morta;

– a umidade dos presídios,

– a solidão pavorosa;

– duro ferro de perguntas,

com sangue em cada

resposta;

– e a sentença que

caminha,

– e a esperança que não

volta,

– e o coração que vacila,

– e o castigo que galopa...

Ai, palavras, ai, palavras,

que estranha potência, a

vossa!

Perdão podíeis ter sido!

– sois madeira que se corta,

– sois vinte degraus de

escada,

– sois um pedaço de

corda...

– sois povo pelas janelas,

cortejo, bandeiras, tropa...

Ai, palavras, ai, palavras,

que estranha potência, a

vossa!

Éreis um sopro na aragem...

– sois um homem que se

enforca!

(Meireles, Cecília. Obra poética. Rio de Janeiro, Nova Aguilar, 1985. P. 442-94).

TEXTO 2

RETRATO
Eu não tinha este rosto

de hoje,

Assim calmo, assim

triste, assim magro,

Nem estes olhos tão

vazios,

Nem o lábio amargo.

Eu não tinha estas mãos

sem força,

Tão paradas e frias e

mortas;

Eu não tinha este

coração

Que nem se mostra.

Eu não dei por esta

mudança,

Tão simples, tão certa,

tão fácil:

- Em que espelho ficou

perdida

A minha face?

Obs: coloquei só os poemas aí, as perguntas estão anexadas na imagem.
me ajudem por favor!!!​

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