• Matéria: Geografia
  • Autor: ulianalucas3
  • Perguntado 5 anos atrás

problema vivido pelas mães
indigenas sonöma em Boa Vista
Roraima?​


mikaeldosanjos231: vc é de Roraima?

Respostas

respondido por: janecleapinheiro
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Explicação:

Três mulheres vivem um horror para o qual será preciso inventar um nome. Elas são Sanöma, um grupo da etnia Yanomami, e sua aldeia, Auaris, fica no que os brancos chamam de Roraima, na fronteira do Brasil com a Venezuela. Elas não compreendem a ideia de fronteira, para elas a terra é uma só —e não tem cercas. Elas não falam português, elas falam a sua língua. Em maio, essas mulheres e seus bebês foram levados para Boa Vista, capital de Roraima, com suspeitas de pneumonia. Nos hospitais, as crianças teriam sido contaminadas por covid-19. E lá morreram. E então seus pequenos corpos desapareceram, possivelmente enterrados no cemitério da cidade. Duas das mães estão com covid-19, amontoadas na Casa de Saúde Indígena (CASAI), abarrotada de doentes. Lá, corroídas pelo vírus, elas imploram pelos seus bebês.

Com a ajuda de várias pessoas, uma delas conseguiu me enviar uma mensagem, gravada, em Sanöma. Ela conta o que vive. E diz: “Sofri para ter essa criança. E estou sofrendo. Meu povo está sofrendo. Preciso levar o corpo do meu filho para a aldeia. Não posso voltar sem o corpo do meu filho”. Eu escuto a mensagem antes da tradução. Não entendo as palavras. Mas compreendo o horror. A linguagem universal daquela que está sendo arrancada do mundo dos humanos.

Ser arrancada de uma aldeia no interior da floresta amazônica porque seu filho tem sintomas de uma doença, a pneumonia, transmitida pelos primeiros brancos que dizimaram parte da população Yanomami, no século passado, é uma violência. Passar deste mundo para o espaço de um hospital, e de um hospital superlotado por conta da covid-19, é outra violência. Ter seu bebê contaminado por uma segunda doença, quando estava ali para ser curado da primeira, que ainda era uma hipótese, é mais uma violência.

E então ela perde o filho. Cada uma delas perde o filho.

O drama ritual da morte para os Sanöma

No alto rio Auaris, onde vivem os Samöma, subgrupo Yanomami, a morte toma dimensões de “dramas sociais”. Por serem quase todas provocadas intencionalmente por alguém ou alguma criatura da floresta, as mortes que não resultaram de uma briga de fato expõem e reatualizam intensamente entre choros, mexericos e discursos irados os conflitos acumulados entre o morto e inimigos ou os perigos inerentes às criaturas da floresta. Os parentes do morto, ao procurar o culpado para realizar a vingança, buscam-no na história de vida do falecido, quando rememoram os atritos e embates em que se envolveu. Os xamãs, com o auxílio dos seus seres auxiliares, identificam o agressor e lançam a culpa em grupos longínquos, evitando, assim, a proximidade da vingança e [garantindo] o fim dessas lembranças.

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