• Matéria: Português
  • Autor: aghatahancharekroos
  • Perguntado 5 anos atrás

Assim que
Tristeza! É
o que sinto quando abro meus olhos e vejo a mais terrível escuridão, que
não cessa. O único remédio é fechá-los e deixar-me levar pelas lembranças.
Lembro-me como se fosse ontem: bem cedinho, o sol não havia nem acordado ainda, eu
já estava na estrada da minha cidade Santa Branca que nem asfaltada era, pura terra, com
uma brochura e alguns lápis dentro de uma sacolinha de arroz - pois nossa vida era difícil e
papai só ganhava o suficiente para não morrermos de fome e frio. Enquanto caminhava, a
poeira batia em meus olhos e os fazia ficar cheios d'água.
Eu ia cantarolando que nem um sabia até chegar à escola Barão de Santa Branca, hoje
bem conhecida na cidade e antigamente a única. Recordo-me de que lá havia um muro para
meninos e meninas não ficarem misturados. Bobagem! Ai de nós se tentássemos olhar para
elas... A régua cantava na palma de nossas mãos, parecia que os professores sentiam prazer
em fazer isso, eram rígidos demais.
saíamos da escola, eu e meus amigos íamos nadar atrás da fábrica de trigo,
que hoje não existe mais - nem a fábrica, nem as águas limpas.
Depois íamos jogar bola atrás do mercado municipal, onde hoje é o posto de saúde. Ficávamos
parecendo tatus, a terra grudava nas roupas e na pele molhada. Depois disso dávamos mais
um pulo na cachoeira, pois se chegássemos assim em casa a vara de amora era o presente
para nossas pernas.
O mais engraçado era ver Dona Dolores dirigindo. Se surgia uma nuvem de poeira,
podíamos ter a certeza de que era ela com seu Chevrolet. Afinal, era a única mulher de
Santa Branca que dirigia.
Não posso me esquecer dos cortejos: a cidade inteira seguindo um caixão, sem saber
quem estava dentro. Havia uma banda que tocava para o defunto e ele tinha direito até a
foto. Dá para acreditar nisso? Mamãe me dizia para não dar risadas nem ir ver o rosto do
morto, principalmente se fosse gente ruim, senão ele poderia voltar para assombrar. O sino
da delegacia tocava pontualmente as 21 horas para todos se recolherem, era uma época bem
perigosa. De noite a cidade era iluminada por lampião de querosene - isso a deixava mais
sombria.
Foi minha melhor época, mas hoje sou velho, e a cegueira tomou conta dos meus olhos.
Tenho saudade do colorido que hoje só vejo em minha mente através das lembranças
do passado. Escuridão é o que eu vejo, mas jamais sairá de mim a magia de recordar
(Texto baseado na entrevista feita com o sr. Sarkis Ramos Alwan, 41 anos.)
1) Qual é o tipo de narrador do gênero memórias literárias?
( ) narrador em primeira pessoa:
( ) narrador em segunda pessoa:
( ) narrador em terceira pessoa:

Respostas

respondido por: gabrielafonso8
2

Resposta:

Narrador em primeira pessoa.

Explicação:

Pois o texto apresenta palavras que indicam isso,"É oque eu sinto quando abro meus olhos" e vários outros trechos.

Perguntas similares