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The Fantastic Flying Books of Mr. Morris Lessmore in HD | You’ll never regret these 15 minutes
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Uma perspectiva interessante de intertextualidade, seria a de considerar que o furacão que aparece destruindo tudo, é similar ao furacão do Mágico de Oz (1939), bem como a história pode ser relacionada à famosa obra de Lewis Carroll, Alice no País das Maravilhas (1865). Em todos os casos, Mr. Morris, Dorothy e Alice são transportados para outro mundo, no qual acabam por descobrirem várias coisas e pessoas novas, sempre aprendendo algo com isso. No entanto, enquanto Dorothy vai para a Oz (e posteriormente para a Cidade das Esmeraldas) e Alice para o País das Maravilhas, nosso protagonista aparece em um local onde livros têm vida, e são até mesmo capazes de voar — por isso o nome do curta-metragem.
Basicamente, a história acompanha as estranhas, porém fantásticas, descobertas de Mr. Morris nesse novo local, tal como a visão de uma bela moça sendo carregada pelos céus por vários livros. Após ser guiado por um livro e caminhar durante um tempo, o protagonista encontra um enorme campo esverdeado, ensolarado, florido e, no meio dele, consegue ver uma grande construção de onde os livros estão entrando e saindo. Neste ponto, a percepção mais comum que podemos ter é a de que os livros voando representam a liberdade, a capacidade de amplidão e expansão da mente e do intelecto daquele que lê. De toda forma, após entrar no local, ele se dá conta de ser uma enorme biblioteca e passa a viver dentro dela, cuidando dos livros e sendo cuidado por eles. A partir disso, podemos fazer uma analogia com as pessoas que realmente dedicam suas vidas ao estudo ou aos livros, como professores, bibliotecários, arquivistas, restauradores, dentre vários outros.
A parte na qual ele distribui os livros para as pessoas, que ganham cor ao os abrirem e lerem seu conteúdo, talvez simbolize o quanto a leitura pode expandir os horizontes de seu leitor, transformando a destruição em cor. Lembro-me de já ter visto uma frase que dizia “um livro só cumpre sua função ao ser lido por alguém”, e isso é representado pela forma que os livros ficam em estado de alegria por estarem sendo lidos. Indo um pouco além, essa cena pode simbolizar, também, o apego e apreço das pessoas pelos livros físicos. Por mais que surjam outras plataformas ou suportes para leitura, o livro como conhecemos tende a permanecer como nosso principal objeto de afeição, coleção, ou até mesmo fetiche.
Analisando o curta por um viés um pouco mais técnico, podemos considerar tanto o livro que guia o protagonista no começo, quanto o curta em si, como multimodais. Afinal “(…) cores, sons, imagens, estas também em movimento, ganham, cada vez mais, sentidos”¹. O curta, por ter uma versão impressa e uma versão em audiobook (anunciada no início do vídeo), acaba passando por essa transição de suportes, sendo que, no formato de códice, apresenta seu conteúdo bastante marcado pelo uso da metalinguagem — o livro falando do próprio livro. Já o livro vivo, contido na história, representa durante todo o tempo como ele se sente por meio da passagem de suas folhas, como um flipbook, o que o torna quase como um curta-metragem dentro de um curta-metragem. Nesse ponto, uma reflexão permanece pendente: até que ponto ler o livro e ver o curta se diferenciam no impacto com o leitor? O curta aborda sobre livros, mas, até que ponto o livro seria melhor (ou pior) contando a mesma história? Fio-me em dizer que um suporte complementa o outro. Considerando que o livro foi classificado como literatura infantil, creio que após a leitura do livro, seja pelos pais ou ouvida no audiobook, a criança possivelmente irá entender muito melhor a mensagem do curta.
Podemos dizer que o protagonista representa alguém que perdeu tudo, mas ganhou tudo novamente por meio da leitura. Os livros eram seus amigos, sua companhia. Davam-lhe suas histórias e ganhavam vida ao serem lidos. Mr. Morris Experienciou diversas coisas novas e sentiu a verdadeira paixão pela literatura, redescobrindo, inclusive, o prazer de escrever. Retomando o que foi dito anteriormente, em uma determinada parte do curta, nosso protagonista volta a escrever, e, no final, fica clara a ideia de que ele estava narrando a história de sua vida, visto que o final do curta coincide com o “The end” escrito por ele em seu livro. É dito que quando você lê muitos livros, você vive muitas vidas e viaja por diversos mundos diferentes. Talvez, essa seja outra possível interpretação para o final do curta. O qual, creio poder afirmar, que foi particularmente emocionante. Pois, além de demonstrar, com a menina que aparece no final, que a história irá seguir do mesmo jeito que começou, também demonstra como os livros podem fazer você seguir “vivo na história”, deixando seu legado.