• Matéria: Português
  • Autor: dKaioStudy
  • Perguntado 5 anos atrás

Leia o texto a seguir.

Sou apenas um sujeito que escuta algumas vezes, que outras não escuta, e vai passando. Naquele dia escutei, certamente porque era a amiga quem falava, e é doce ouvir os amigos, ainda quando não falem, porque amigo tem o dom de se fazer compreender até sem sinais. Até sem olhos.

Falava-se de cemitérios? De telefones? Não me lembro. De qualquer modo, a amiga — bom, agora me recordo que a conversa era sobre flores — ficou subitamente grave, sua voz murchou um pouquinho.

— Sei de um caso de flor que é tão triste!

E sorrindo:

— Mas você não vai acreditar, juro.

Quem sabe? Tudo depende da pessoa que conta, como do jeito de contar. Há dias em que não depende nem disso: estamos possuídos de universal credulidade. E daí, argumento máximo, a amiga asseverou que a história era verdadeira.

— Era uma moça que morava na rua General Polidoro, começou ela. Perto do cemitério São João Batista. Você sabe, quem mora por ali, queira ou não queira, tem de tomar conhecimento da morte. Toda hora está passando enterro, e a gente acaba por se interessar. Não é tão empolgante como navios ou casamentos, ou carruagem de rei, mas sempre merece ser olhado. A moça, naturalmente, gostava mais de ver passar enterro do que de não ver nada. E se fosse ficar triste diante de tanto corpo desfilando, havia de estar bem arranjada.

[...]

— Mas, e a moça?

— Carlos, eu preveni que meu caso de flor era muito triste. A moça morreu no fim de alguns meses, exausta. Mas sossegue, para tudo há esperança: a voz nunca mais pediu.

DRUMMOND DE ANDRADE, Carlos. Flor, telefone, moça. São Paulo: Companhia das Letras, 2012. Disponível em: . Acesso: 10 jul. 2019. (Adaptado.)

O texto anterior classifica-se como conto? Justifique.

Respostas

respondido por: mirellamendesgnf
0

Resposta:

sim : mais não tenho justificação vc pode mim ajudar agora


dKaioStudy: então como vc sabe que é conto?
mariajuliacesar09: pse
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