Embora seja evidente a influência das ideias revolucionárias europeias nos movimentos ocorridos no país, não se deve superestimar sua importância. Inspiram-se os revolucionários vagamente nas obras dos autores europeus, conhecida apenas de um pequeno grupo de letrados (...). A maioria da população, inculta e atrasada, não chegava a tomar conhecimento das novas doutrinas. (...)
Importadas, essas ideias não encontrariam no Brasil uma estrutura socioeconômica correspondente (...). A escravidão constituía o limite do liberalismo no Brasil. Invoca o direito de propriedade para preservá-la (...). Já por ocasião da Inconfidência Mineira houve quem ponderasse as dificuldades de fazer uma revolução numa terra em que o número de pretos e escravos era superior ao de brancos livres. Corria-se o risco de um levante geral. Na ocasião, Alvarenga sugeriu que se emancipassem os escravos, opinião recebida com desagrado pelos que acreditavam ser impossível explorar minas e manter lavouras sem escravos. (...)
(...) soariam falsos e vazios os manifestos em favor das fórmulas representativas de governo, os discursos afirmando a soberania do povo, pregando a igualdade e a liberdade como direitos inalienáveis e imprescindíveis do homem, quando, na realidade, se pretendia manter escravizada boa parte da população (...). Calcula-se que, no Maranhão, mais de 60% da população era composta de escravos. Nas demais províncias a porcentagem média oscilava de 30 a 40%, alcançando em algumas zonas rurais mais de 70%.
(COSTA, Emilia Viotti da. Introdução ao estudo da emancipação política do Brasil. In: MOTA, Carlos Guilherme (Org.). Brasil em Perspectiva. São Paulo: Difel, 1976)
a) Segundo a autora, quais seriam as limitações e peculiaridades do liberalismo no Brasil do século XVIII?
b) Identifique o exemplo que a autora apresenta para confirmar os limites do liberalismo Brasileiro.
c) Com base no que você estudou, identifique a insurreição que conseguiu ultrapassar os limites apontados pela autora. Justifique sua resposta.
Respostas
Resposta:
a) O liberalismo tinha como mantra a liberdade individual do ser e o direito a propriedade privada. Esses dois fundamentos guiaram o liberalismo por séculos a fio. Uma contradição a esses dois valores era em relação a escravidão e aos escravos. Os escravos eram seres humanos, porém eram propriedades dos senhores que os compraram, logo faziam parte do grupo de ser humano e de propriedade. Sendo assim, eles entravam em uma contradição, já que os escravos eram propriedades e ainda eram mão de obra das minas, que gerava enorme renda no Brasil.
b) O exemplo que a autora mostra é em relação a inconfidência mineira, onde o número de negros era superior ao de brancos livres, então em uma possível revolução, os negros poderiam fazer um levante contra o sistema. Sendo assim, os liberais falavam sobre a liberdade para os negros, porém mais da metade da população quase era composta por escravos, que não foram libertos após as lutas deles.
c) Algo que passou dos limites em relação aos escravos e os limites do liberalismo foram nas lutas pela independência, onde os negros também se rebelaram contra o sistema colonial e ajudaram o Brasil a se libertar de Portugal. Sendo assim, os liberais tiveram esse limite sobre o próprio sistema quebrado pelo negros, que eram o motivo que impunha essa limitação.