Falta alegria em nossas vidas
Meu Deus, como andamos chatos, dei-me conta outro dia. Não paramos de reclamar. Muitas vezes com razão: os impostos, o custo de vida, o desemprego, a violência, a súbita falsidade de alguém em quem confiávamos tanto, a pouca autoridade das autoridades, a nossa própria indecisão. As rápidas mudanças na sociedade, alguns ainda tentando arrastar o cadáver dos valores que precisam ser mudados, outros tentando impor a anarquia quando a gente devia era renovar, não bagunçar.
Pensei que uma das coisas que andam ficando raras é a alegria, e comentei isso. Alguém arqueou uma sobrancelha:
-- Alegria? A palavra está até com cheiro de mofo... Tanta coisa grave acontecendo, tanta tragédia, e você falando em alegria?
Pois comecei a me entusiasmar com a ideia, e provocativamente, fui contando nos dedos os motivos que deveriam levar a que o grupo se alegrasse: a lareira crepitava na noite fria, uma amizade generosa circulava entre nós, três bebês dormiam ali perto, na sala ao lado, ouviam-se risadas e, apesar de sermos na pequena roda mais ou menos calejados pelas perdas da vida, tínhamos os nossos ganhos em experiência, amores, conhecimento, esperança.
Nenhum de nós desistira da jornada. Nenhum de nós era um malfeitor, um ser humano desprezível, ao contrário: a gente estava na luta, tentando ser decente, tentando superar os próprios limites.
Éramos tão humanos, tão desvalidos e tão guerreiros, o pequeno grupo de amigos diante de uma lareira na noite fria, como centenas, milhares de outros, homens, mulheres, crianças, entre os dois mistérios do nascer e do morrer.
Repeti a minha pequena heresia:
-- Eu acho que uma das coisas que andam faltando, além de emprego, decência e tanta coisa mais, é alegria. A gente se diverte pouco. Andamos com pouco bom humor. Érico Veríssimo, velho amigo amado, uma de minhas mais duras perdas, me disse quando eu era muito jovem: "Lya, em certos momentos o que nos salva nem é o amor, é o humor".
Um riso bom ou um sorriso terno em meio a toda a crueldade, falsidade, hipocrisia, violência de acusações abjetas, de calúnias vis, de corrupção escandalosa, de desagregação familiar melancólica, de mentira secreta e venenosa podem nos confortar e devolver a esperança.
(Lya Luft)
01) Justifique o título da crônica, aproveitando para mencionar se você concorda ou não com ele:
02) O que é a alegria para a autora? E para você?
03) Por que, segundo a autora, nós andamos chatos? Você concorda com isso?
04) Você acha que tem reclamado demais? Cite três reclamações que você tem feito, com mais frequência:
05) Copie do texto uma interjeição, dizendo o que ela transmite:
06) Posicione-se sobre a afirmação em negrito no terceiro parágrafo do texto, justificando seu ponto de vista:
07) Justifique o uso das aspas no texto:
08) Copie do texto uma antítese, explicando seu raciocínio:
09) Circule na crônica um vocativo, justificando:
10) Posicione-se sobre a passagem que corresponde à fala do amigo Érico Veríssimo para a autora, argumentando bem:
11) Essa crônica foi escrita em 2004. De lá pra cá muita coisa mudou? Justifique sua resposta:
12) Que mensagem o texto transmite? Comente:
Respostas
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Resposta: 5 é a letra B
6 resposta: MEU DEUS
Explicação: só sei essas....
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