Além do controle da extração, transporte e comércio, que outro interesse tinham os portugueses na dominação do Brasil?
Respostas
Por que o pau-brasil chama-se pau-brasil?
Discutiu-se muito a origem do nome “pau-brasil” entre os historiadores. Hoje, sabe-se que o termo “brasil” era uma referência ao tom avermelhado da resina, que era encontrada na madeira da árvore. Como mencionamos nesse texto, na Europa, já circulava uma série de variações do termo e todos eles tinham origem no termo “brasilia”, retirado do idioma latino e que significava “cor de brasa” ou “vermelho”, segundo as historiadoras Lilia Schwarcz e Heloísa Starling|1|.
Com o tempo e a popularização da atividade realizada no Brasil, o nome utilizado para se referir à árvore foi usado para mencionar a terra da qual ela era extraída, e ponto de partida para isso foi em 1512, quando a madeira chegou à Europa. Nos primeiros anos da presença portuguesa na América, os nomes utilizados para se referir ao Brasil variaram bastante.
Ilha de Vera CA variação dos nomes desagradou a muitos na época e existem relatos que comprovam isso. Um deles foi escrito por um cronista português chamado Pero Magalhães de Gandavo, que em 1576 publicou um livro chamado “História da Província de Santa Cruz”, no qual, em determinado momento, critica a adesão do nome Brasil por questões religiosas. Ele preferia que o nome fosse Terra de Santa Cruz, porque evocava a lembrança da cruz em que Cristo foi crucificado|2|.
Já os nativos (no caso, os índios tupis) não chamavam a árvore de “pau-brasil”, mas de “ibirapitanga”, termo que significava “árvore vermelha” e, como percebemos, também mencionava a cor existente na madeira.
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Feitorias portuguesas
A exploração do pau-brasil concentrava seus esforços nas feitorias que foram construídas pelos portugueses no litoral da América Portuguesa. Durante o período pré-colonial, existiam três grandes feitorias no Brasil: Cabo Frio, Porto Seguro e Igarassu (Pernambuco).
Essas feitorias eram, em uma definição simples, locais onde a madeira ex traída era armazenada. Essas feitorias, na maior parte do ano, eram ocupadas por pouquíssimas pessoas e, por questões de segurança, eram cercadas por paliçadas de madeira. Essa cerca protegia a feitoria de ataques de indígenas e de estrangeiros, como os franceses.
O funcionamento dessas feitorias foi conhecida, em grande parte, por conta dos registros referentes à embarcação Bretoa. Nessas feitorias, os portugueses contratavam os indígenas para que eles realizassem todo o trabalho de extração e transporte das toras de madeira até a feitoria.
O trabalho dos índios era útil, principalmente, porque eles sabiam localizar as árvores mais rapidamente. A relação dos indígenas com os portugueses era por meio do escambo, isto é, da troca. Os indígenas extraíam a madeira e eram pagos com utensílios como machados, facas, espelhos, canivetes etc.
O historiador Jorge Couto afirma que essa estrutura foi estabelecida, porque, durante a expedição de Gonçalo Coelho, entre 1501 e 1502, os portugueses perceberam que realizar o trabalho de extração da madeira com os navios ancorados no litoral brasileiro tornava o negócio muito mais caro. Assim, a construção de uma feitoria que armazenasse as toras para a chegada da embarcação, a fim de ela ser rapidamente carregada foi o modelo adotado pelo portugueses|3|.
Para o sucesso do empreendimento dos portugueses na extração do pau-brasil, a boa relação com os indígenas era fundamental, porque eram esses que realizavam o trabalho de extração. Em relação aos povos hostis com os portugueses, era fundamental que as feitorias fossem reforçadas e construídas perto de alguma fortificação que lhes protegesse.
Além dos indígenas, os franceses eram uma ameaça aos portugueses, uma vez que, ao longo do século XVI, os franceses realizaram uma série de iniciativas para ocupar e colonizar territórios que, de acordo com o Tratado de Tordesilhas, pertenciam aos portugueses. A primeira expedição francesa no Brasil foi a de Paulmier de Gonneville, que veio para cá em 1503 para explorar pau-brasil.
A presença francesa levou os portugueses a tomar iniciativas para resguardar seu domínio sobre o território, o que incluía o envio de expedições com o objetivo de monitorar a costa brasileira. Com o tempo, até mesmo embarcações comerciais de Portugal tinham autorização para abrir fogo contra corsários franceses na costa brasileira. Os franceses tentaram estabelecer duas colônias no Brasil, uma no Rio de Janeiro e outra no Maranhão, mas ambos projetos fracassaram por ação dos portugueses. a da América, estabeleceram suas feitorias e criaram relações com os indígenas. A exploração intensa dessa árvore quase a extinguiu, já que milhões de árvores foram derrubadas pelos portugueses já no século XVI. O pau-brasil ainda é uma árvore em risco de extinção, mas o status dessa árvore melhorou progressivamente ao longo do século XX, sobretudo, a partir da segunda metade desse século.