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tanto a linguagem , quanto a nossa miscigenação, nossos abtos , tem influência direta da cultura africana, pois devido a escravidão, foram cultivados no Brasil.
APROXIMAÇÃO DOS CONTINENTES
Em tempos de Copa do Mundo, que pela primeira vez na história acontece em solo africano, é impossível não pensarmos nos laços que nos unem ao chamado Continente Negro. E nem precisa o nosso time entrar em campo para sentirmos na pele o quanto temos em comum com os povos que vivem do outro lado do Oceano Atlântico.
Essa ligação, evidentemente, vai muito além das camisas amarelas de Brasil e África do Sul, das comemorações coreográficas na hora do gol, da alegria contagiante do povo ou da criatividade sem fim da torcida canarinha e dos Bafana Bafana e suas vuvuzelas ensurdecedoras.
Se voltarmos aos tempos de escola, com certeza nos lembraremos das aulas sobre a escravidão, o tráfico para o Brasil de milhões de pessoas durante séculos, a convivência de africanos, portugueses e brasileiros, antes e depois da Abolição... E havia também a lista de contribuições dos africanos para a nossa cultura, que devia ser decorada para as provas não
Estilo dos africanos lembra o dos bons do Brasil
Mas é no futebol que África e Brasil ficam mais próximos: lá, como aqui, esse esporte arrasta multidões de fanáticos, e transforma os grandes jogadores em ídolos, um estímulo para crianças e jovens pobres realizarem o sonho de ir à Europa conquistar glórias e salários milionários.
O talento, a ginga, o improviso, a irreverência de brasileiros e africanos em campo muitas vezes desconcertam adversários, destroem esquemas táticos e contrariam os críticos, para delírio dos torcedores e frustração dos chatos teóricos do futebol.
Não é de hoje que astros brasileiros e africanos brilham nos principais campeonatos europeus. De um lado, Luís Fabiano, Robinho, Maicon; de outro, o camaronês Eto'o, o marfinense Drogba e o ganense Essien continuam mantendo a tradição de antigos conterrâneos e encantando plateias em todo o mundo. Não dá pra negar que o estilo dos craques africanos tem muito a ver com o melhor futebol que brasileiros sabem jogar e gostam de ver.
Na África, a simpatia pelos atletas brasileiros também é grande, beirando a veneração. Em 1969, o então Congo Belga (atual República Democrática do Congo) estava envolvido em uma guerra civil, mas as cidades de Kinshasa e Brazaville suspenderam temporariamente os ataques mútuos para que o time do Santos, comandado por Pelé, jogasse por lá, cumprindo contrato já assinado. Única exigência: que houvesse uma partida em cada cidade! Acordo cumprido, a delegação brasileira partiu e a guerra, infelizmente, recomeçou.
E vale lembrar ainda que um dos maiores ídolos do futebol de Gana, que brilhou nos campos durante nos anos 1980-1990, adotou o nome de Abedi Pelé.
O fato é que não será surpresa se o segundo time de muitos brasileiros nesta Copa do Mundo for África do Sul, Nigéria, Camarões, Gana ou Costa do Marfim, mesmo que esses países tenham chances bem remotas de vencer a competição. Mas não custa nada torcer e sonhar.