valendo todos meus pontos
Luis Fernando veríssimo
Aquela que, quando toca, a pessoa diz “é o meu!”, e passa a procurá-lo freneticamente, depois o coloca no ouvido, diz “alô” várias vezes, aperta botões errado, desiste e desliga, para repetir toda a função quando a musiquinha toca outra vez.
Você muitas vezes só sabe com quem realmente está quando ouve o seu celular tocar, e o som do seu celular diz mais a seu respeito do que você imagina.
Se bem que, na minha experiência, a maioria das pessoas escolhe músicas galopantes — como a introdução da “Cavalleria rusticana” ou a ouverture do “Guilherme Tell” — apenas para já colocá-la no adequado espírito de urgência, ou pânico controlado, que o celular exige.
Sei que alguns celulares ronronam e vibram, discretamente, em vez de desandarem a chamar seus donos com música.
Não é raro você ser obrigado a ouvir alguém tratando de detalhes da sua intimidade ou dos furúnculos da tia Djalmira a céu aberto, por assim dizer.
como o que nos fazem os fumantes, só que em vez do nosso espaço aéreo ser invadido por fumaça indesejada, é invadido pela vida alheia.
O celular reduziu as pessoas a apenas extremos opostos de uma conexão, pontos soltos no ar, sem contato com o chão.
E chega um momento em que cada nova perplexidade com ele torna-se uma ofensa pessoal, ainda mais para quem ainda não entendeu bem como funciona torneira.
Nos vejo — os que não sucumbiram, os últimos resistentes — como os únicos sãos num mundo imbecilizado pelo micro-ondas de ouvido, com os quais as pessoas trocarão grunhidos pré-históricos, incapazes de um raciocínio ou de uma frase completa, mas ainda conectados
1) qual a principal crítica da coluna?
2) quais argumentos positivos a respeito do celular?
3) pontos negativos?
4) quais veículos de comunicação poderia estar presente nesta coluna?
Respostas
respondido por:
1
Resposta:
1) []
2) q ele ajuda mto
3)viciante, sujo etc
4) celular....? (n entendi essa)
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