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A missa cantada acabou, mestre Romão jantou e foi para casa, onde morava com pai José.
Tinha um cravo, o qual tocava algumas vezes. Mestre Romão gostava muito de ter o dom de compor músicas. Possuía dentro de si um mundo de harmonias originais, porém não conseguia expor no papel. Isso causava tristeza.
Começou a compor um canto esponsalício, três dias de casado, em 1779. Sua mulher faleceu anos depois, e o canto nunca foi terminado.
Machado de Assis, Cantiga de Esponsais.
Em 1813, na igreja do Carmo, Romão Pires regia a orquestra da festa, com alma e devoção. Ele era um velho de cabeça branca, bom músico, bom homem.
A missa cantada acabou, mestre Romão jantou e foi para casa, onde morava com pai José, um preto velho.
Tinha um cravo, para o qual tocava algumas vezes. Mestre Romão gostaria muito de ter o dom de compor músicas. Possuía dentro de si um mundo de harmonias originais, porém não conseguia exprimir no papel. Isso causava melancolia.
Começou a compor um canto esponsalício, três dias de casado, em 1779. Sua mulher faleceu anos depois, e o canto nunca foi terminado.
Mestre Romão adoeceu do coração, cinco dias após a festa. Pegou o canto guardado na gaveta, mandou trazer o cravo e tentou acabar a obra.
Viu um casal pela janela. Reproduziu algumas notas, sem inspiração, impaciente, rasgou o papel escrito. Foi então, que ouviu a moça cantar para o marido, justamente com a nota musical que procurara anos sem achar. Ele ouviu triste e à noite morreu.