10.SOMOS TODOS ESTRANGEIROS
Volta e meia, em nosso mundo redondo, colapsa o frágil convívio entre os diversos modos de ser dos seus habitantes. 1Neste momento, vivemos uma nova rodada 2dessas com os inúmeros refugiados, famílias fugitivas de suas guerras civis e massacres. Eles tentam entrar na mesma Europa que já expulsou seus famintos e judeus. Esses movimentos introduzem gente destoante no meio de outras culturas, estrangeiros que chegam falando atravessado, comendo, amando e rezando de outras maneiras. Os diferentes se estranham.
Fui duplamente estrangeira, no Brasil por ser uruguaia, em ambos os países e nas escolas públicas por ser judia. A instrução era tentar mimetizar-se, falar com o menor sotaque possível, ficar invisível no horário do Pai Nosso diário.
Certamente todos conhecem esse sentimento de sentir-se estrangeiro, ficar de fora, de não ser tão autêntico quanto os outros, ou não ser escolhido para o que realmente importa. Na 3infância, tudo é grande demais, amedronta e entendemos fragmentariamente, como recém-chegados. Na puberdade, perdemos a familiaridade com nossos familiares: o que antes parecia natural começa __________ soar como estrangeiro. 4Na 5adolescência, sentimo-nos estranhos __________ quase tudo, andamos por aí enturmados com os da mesma idade ou estilo, tendo apenas uns aos outros como cúmplices para existir.
O fim desse desencontro deveria ocorrer no começo da vida adulta, quando trabalhamos, procriamos e tomamos decisões de repercussão social. Finalmente 6deveríamos sentir-nos legítimos cidadãos da vida. 7Porém, julgamos ser uma fraude: 8imaginávamos que os adultos eram algo maior, mais consistente do que sentimos ser. Logo em seguida disso, já começamos a achar que perdemos o bonde da vida. O tempo nos faz estrangeiros __________ própria existência.
Uma das formas mais simples de combater todo esse 9mal-estar é encontrar outro para chamar de diferente, de inadequado. 10Quem pratica o bullying, quer seja entre alunos ou com os que têm hábitos e aparência distintos do seu, conquista momentaneamente a ilusão da legitimidade. Quem discrimina arranja no grito e na violência um lugar para si.
Conviver com as diferentes cores de pele, interpretações dos gêneros, formas de amar e casar, vestimentas, religiões ou a falta delas, línguas faz com que todos sejam estrangeiros. Isso produz a mágica sensação de inclusão universal: 11se formos todos diferentes, ninguém precisa sentir-se excluído. Movimentos migratórios misturam povos, a eliminação de barreiras de casta e de preconceitos também. Já pensou que delícia se, no futuro, entendermos que na vida ninguém é nativo. 12A existência de cada um é como um barco em que fazemos um trajeto ao final do qual sempre partiremos sem as malas.
Atribua (V), para verdadeiro, e (F), para falso, às afirmativas abaixo.
( ) A substituição dos pronomes demonstrativos neste e dessas (ref. 1 e 2) pelos pronomes demonstrativos nesse e destas, respectivamente, manteria a correção gramatical da frase.
( ) Quanto à acentuação gráfica, as palavras infância (ref. 3) e adolescência (ref. 5) são paroxítonas acentuadas porque terminam em ditongo crescente.
( ) Os verbos deveríamos (ref. 6) e imaginávamos (ref. 8) estão conjugados no mesmo tempo verbal, o pretérito perfeito do modo indicativo.
( ) O vocábulo mal-estar (ref.9) necessita de hífen porque o segundo termo inicia por uma vogal.
( ) Na frase marcada pela referência 4, a mudança do sujeito de 1ª pessoa do plural para a 1ª pessoa do singular implica em duas alterações, a fim de manter a sintaxe de concordância adequada.
A sequência correta, de cima para baixo, é
(1 Ponto)
a) F – V – F – V – V.
b) V – V – F – V – V.
c) V – V – V – F – F.
d) F – V – F – V – F.
Respostas
respondido por:
3
Resposta:
letra b
Explicação:
eu acho espero ter ajudado
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