Profissão de fé
Não quero o Zeus Capitolino,
Hercúleo e belo,
Talhar no mármore divino
Com o camartelo.
Que outro - não eu! - a pedra corte
Para, brutal,
Erguer de Athene o altivo porte
Descomunal.
Mais do que esse vulto extraordinário,
Que assombra a vista,
Seduz-me um leve relicário
De fino artista.
Invejo o ourives quando escrevo:
Imito o amor
Com que ele, em ouro, o alto-relevo
Faz de uma flor.
Imito-o. E, pois, nem de Carrara
A pedra firo:,
O alvo cristal, a pedra rara,
O ônix prefiro.
Por isso, corre, por servir-me,
Sobre o papel
A pena, como em prata firme
Corre o cinzel.
Corre; desenha, enfeita a imagem,
A ideia veste:
Cinge-lhe ao corpo a ampla roupagem
Azul-celeste.
Torce, aprimora, alteia, lima
A frase; e, enfim,
No verso de ouro engasta a rima,
Como um rubim.
Quero que a estrofe cristalina,
Dobrada ao jeito
Do ourives, saia da oficina
Sem um defeito:
E que o lavor do verso, acaso,
Por tão sutil,
Possa o lavor lembrar de um vaso
De Becerril
Olavo Bilac
1) Lendo e observando atentamente o poema, indique quais são as figuras representativas de pessoas comuns da sociedade exploradas nesta obra de Olavo Bilac: *
a) ferreiro, ourives, poeta.
b) poeta, ourives, escultor.
c) escultor, ourives, religioso.
d) escritor, político, ator.
2) Profissão de fé é referenciado como obra representante parnasianista no Brasil. Qual o foco temático deste poema? *
a) Culto à forma fixa, rima rara, o fazer do poeta.
b) Versos livres, ausência de rima, ritmo.
c) Ofício do ourives, obra do escultor, pedra preciosa.
d) Mármore, pedra preciosa, palavras.
Respostas
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Resposta:
1- B) poeta,ourives, escultor.
2- A) Culto à forma fixa, rima rara, o fazer do poeta.
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