I. Minha terra tem primores, II. – Nada farei de que dizes:- Que tais não encontro eu cá; É teu filho imbele e fraco! Em cismar – sozinho, à noite – Aviltaria o triunfo Mais prazer encontro eu lá; Da mais guerreira das tribos Minha terá tem palmeiras Derramar seu ignóbil sangue: Onde canto o Sabiá. Ele chorou de cobarde; (Canção do Exílio) Nós outros, fortes Tibiras, Só de heróis fazemos pasto. (I – Juca Pirama)
l. Considere as afirmações sobre os trechos de Gonçalves Dias acima transcritos. I. O saudosismo romântico se expressa na Canção do Exílio ao fazer aflorar as qualidades da pátria, que contrastam com a terra do exílio.
II. No segundo fragmento, o choro do índio aponta para a sua covardia, o que faz indigno de ser sacrificado.
III. Saudades da pátria e indianismo, temáticas presentes nos fragmentos, põem em foco a discussão sobre o nacionalismo.
Quais estão corretas? (A) Apenas I (B) Apenas II (C) Apenas III (D) Apenas I e II (E) I, II e III
Respostas
A alternativa correta é a E - I, II e III são verdadeiras.
Canção do Exílio e I Juca Pirama - breve análise.
Os textos de G. Dias fazem exaltação à pátria e têm forte apelo ao indianismo, com o indígena sendo idealizado, forte e bravo, quase que como um cavaleiro das estórias de cavalaria - A Demanda do Santo Graal, Amadis de Gaula, Rei Arthur, etc.
Estas características pertencem à primeira fase do Romantismo brasileiro, da qual G. Dias fazia parte, fase marcada pela idealização dos indígenas e exaltação das paisagens nacionais.
Abaixo, uma breve análise dos dois textos:
Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
- A terra dele, o Brasil, tem mais belezas do que o local no qual estava então, Portugal.
Em cismar – sozinho, à noite
- Mais prazer encontro eu lá;
- Sente saudades do Brasil e relembra-o, saudoso e solitário, à noite.
Minha terra tem palmeiras
Onde canta o Sabiá.
- O saudosismo e ufanismo impedem o eu-lírico de ver as belezas do local em que está, ele se fecha em recordações idealizadas.
(Canção do Exílio)
Nada farei de que dizes:
É teu filho imbele e fraco!
- O índio a ser sacrificado era fraco.
- Outro ponto da idealização indígena que se vê aqui é o modo como os personagens se expressam: palavras rebuscadas (imbele) usando as flexões para Tu e Vós - dizes, fazes, comeis, etc. ⇒Nenhum índio se expressa desta forma hoje, pois ela traz características mais marcadas do português europeu, não do português nacional - muito menos em idos de 1800.
Aviltaria o triunfo
Da mais guerreira das tribos
Derramar seu ignóbil sangue
Ele chorou de cobarde;
- O sangue do índio a ser sacrificado não valia o sacrifício e "rebaixaria" a tribo dos Tibiras, porque ele era covarde e o demonstrou pelo seu choro.
Nós outros, fortes Tibiras,
Só de heróis fazemos pasto.
- Novamente, uso de palavras rebuscadas e idealização de um índio nos moldes das novelas de Cavalaria.
(I Juca Pirama)
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