Em quais manifestações artísticas podemos reconhecer os primórdios do que tornariam os HQs?
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Temos que a linguagem dos quadrinhos incorpora quase todas as expressões conhecidas de arte, tais como desenho, pintura, arquitetura, expressão cênica e narrativa literária, argumento que baseia profundamente os defensores de que as histórias em quadrinhos são, em realidade, a nossa nona arte.
Outro fator interessante de se notar também é a questão da pluralidade estética das HQs, já que a mesma história – ou uma mesma série de histórias – podem ser contadas de formas variadas a depender do roteirista e, claro, do ilustrador contratado para o trabalho: o artista é capaz de imprimir seu estilo próprio a personagens já estabelecidos, ressignificando seu universo sem fazê-los perder a essência.
É preciso, portanto, desfazer o estigma de que as histórias em quadrinhos resumem-se apenas às narrativas de super-heróis dos grandes estúdios, como Marvel e DC, e que não apresentam grande variedade artística visual. Muito pelo contrário: a evolução das técnicas de ilustração e o amadurecimento na forma de contar histórias a um público cada vez menos ingênuo e cada vez mais exigente renderam verdadeiras obras-primas no campo das HQs. Artistas como Marjane Satrapi e Art Spiegelman utilizaram as histórias em quadrinhos para narrar suas histórias de vida de uma forma poética e com um estilo completamente único. “Persépolis”, livro de Marjane Satrapi publicado em quatro volumes, por exemplo, narra a infância da escritora iraniana durante a Revolução Islâmica. Já o livro “Maus”, do americano de origem judia, Art Spiegelman, conta a história de seus pais, que foram sobreviventes dos campos de concentração de Auschwitz durante a Segunda Guerra Mundial. “Maus”, inclusive, recebeu, em 1992, o primeiro prêmio Pulitzer destinado a um livro de história em quadrinjos
Dessa forma, temos que a linguagem dos quadrinhos incorpora quase todas as expressões conhecidas de arte, tais como desenho, pintura, arquitetura, expressão cênica e narrativa literária, argumento que baseia profundamente os defensores de que as histórias em quadrinhos são, em realidade, a nossa nona arte.
Livro "Persépolis" (2000), Marjane Satrapi
Livro "Persépolis" (2000), Marjane Satrapi
Livro "Persépolis" (2000), Marjane Satrapi
Livro "Persépolis" (2000), Marjane Satrapi
Animação "Persépolis" (2007), Marjane Satrapi e Vincent Paronnaud
Animação "Persépolis" (2007), Marjane Satrapi e Vincent Paronnaud
Exemplos do primor artístico de publicações em quadrinhos também não faltam no cenário brasileiro: “Daytripper“, uma minissérie em dez capítulos dos brasileiros Fábio Moon e Gabriel Bá, foi um trabalho extremamente aclamado internacionalmente, indo para o topo de coletâneas do New York Times e ganhando o Prêmio Eisner e o prêmio Harvey, premiações importantes no mundo dos quadrinhos.
Outro exemplo importante da versatilidade artística dos quadrinhos e de como histórias conhecidas podem ser radicalmente transformadas através de novas ilustrações foi a série “Turma da Mônica: Laços”, dos irmãos Vitor e Lu Cafaggi, que trouxe aos leitores a possibilidade de ver personagens já tão bem estabelecidos em traços e estilos completamente diferentes. Mesmo com a brusca mudança no estilo, “Turma da Mônica: Laços” se tornou a graphic novel brasileira mais vendida de todos os tempos, provando que uma iniciativa artística de qualidade aliada a um conteúdo sólido são fórmulas certas para o sucesso.
De todas as perspectivas atuais, não parecem restar dúvidas de que as histórias em quadrinho configuram-se manifestações artísticas com linguagens próprias e únicas, capazes de, tal qual os melhores livros e os mais geniais quadros e esculturas, provocar em seu público reflexão e sensações diversas, objetivo final e comum de qualquer obra de arte.