A voz de minha bisavó ecoou
criança
nos porões do navio.
Ecoou lamentos
De uma infância perdida
A voz de minha avó
ecoou obediência
aos brancos-donos de tudo.
A voz de minha mãe
ecoou baixinho revolta
No fundo das cozinhas alheias
debaixo das trouxas
roupagens sujas dos brancos
pelo caminho empoeirado
rumo à favela
A minha voz ainda
ecoa versos perplexos
com rimas de sangue
e fome.
A voz de minha filha
recorre todas as nossas vozes recolhe em si
as vozes mudas caladas
engasgadas nas gargantas. A voz de minha filha
recolhe em si
a fala e o ato
O ontem - o hoje - o agora.
Na voz de minha filha se fará ouvir a ressonância
o eco da vida-liberdade
Questão 5 - Nesse texto, o eu - lírico resgata as vozes de suas ancestrais caladas, inicialmente, pela escravidão e, mais tarde, pela herança estigmatizada desse período. De acordo com o texto, o que pode promover a ruptura desse processo histórico é: *
3 pontos
( )o lamento de quem teve sua liberdade cerceada ainda na infância.
( ) a perplexidade do eu-lírico diante do sofrimento de seus familiares.
( )a ação denunciativa das muitas vozes engasgadas na garganta.
( )a revolta consciente e silenciosa diante da crueldade humana.
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Resposta:
O lamento de quem teve sua liberdade cerceada ainda na infância.
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