• Matéria: Filosofia
  • Autor: pereiraline133
  • Perguntado 5 anos atrás

como frida canalizou seus sentimentos em suas obras?​

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respondido por: RAPOZABRANCA
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Realidade e sentimento na obra de Frida Kahlo

Ana Paula Jorge Klainpaul

-Publicado na revista Apreciando, Edição nº 20, página 40.

O presente artigo versa sobre a pintura “El abrazo de amor de El Universo, la tierra, yo, Diego y el soñor Xólotl” (1949) da artista mexicana Frida Kahlo (1907-1954), pintada em óleo sobre tela nas dimensões 70×60,5 cm. Podemos apontar em suas obras, tendências surrealistas, em especial neste quadro representa um momento de fragilidade de Frida, onde ela se retrata segurando em seus braços, seu ex esposo – Diego Rivera – na figura de uma criança, e evidencia elementos da cultura mexicana bem como da mitologia pré-hispânica.

Pela diversidade e amplitude que envolveu os aspectos da arte no século XX, é um tanto difícil caracterizar a artista com precisão, pois tanto na Europa quando nos demais países, ao invés de um movimento uniforme, o que existiu foram correntes artísticas que se auto-afirmam principalmente pela quebra dos valores tradicionais e pela busca de técnicas e meios de expressão capazes de traduzir uma nova realidade que ora se apresentava. Neste contexto não há como enquadrar Frida Kahlo em um movimento artístico especifico de seu, país, ela traduz características de alguns destes movimentos, porém não participou ativamente de nenhum, preferiu ser além de pintora, uma revolucionária atuante na política mexicana e uma mulher que, apesar das adversidades, lutou para a construção de uma nova ordem cultural. Magdalena Carmen Frida Kahlo y Calderon, nasceu em 6 de julho de 1907, em Cyocan, no México. Como uma revolucionária, militante do partido comunista e agitadora cultural, teve uma vida cheia de percalços. Aos 6 anos de idade, contraiu poliomielite (paralisia infantil), mas recuperou-se. Porém sua perna direita ficou afetada e teve de conviver com um pé atrofiado e uma perna mais fina que a outra.

Em 1925 aos 16 anos, o ônibus em que Frida estava chocou-se contra um trem. Ela foi atravessada por uma barra de ferro que perfurou seu abdome, lesionou a coluna vertebral e saiu pela pélvis. Passou por 35 cirurgias permanecendo por muito tempo presa a uma cama sendo necessário o uso permanente de um colete de gesso que auxiliava a sustentação da coluna. Foi nesta época que ela começou a pintar, quando sua mãe pendurou um espelho em cima de sua cama. Aos 22 anos casa-se com o pintor Diego Rivera, socialista e mais importante, pintor mexicano do século XX, que pertenceu ao movimento Muralista. O casamento não foi bem visto pela família de Frida levando em conta o fato de ele ser vinte anos mais velho que ela. Diego desenvolveu um importante papel na vida de Frida, ajudou-a a revelar-se como artista.

Em 1939, em Nova York, faz sua primeira exposição individual, que é bem vista pela crítica. Em seguida, viaja para Paris e lá, conhece Pablo Picasso, Wassily Kandinsky e Marcel Duchamp. Por levar uma vida conturbada, Frida encontra-se com a saúde fragilizada. Em 1950, permanece internada durante nove meses com fortes dores na perna direita, que teve de ser amputada. Com isso, Frida entra em depressão, porém não deixa de pintar.

Frida Kahlo destaca-se, principalmente, na produção de auto-retratos, onde utiliza fantasia e estilos inspirados na arte popular do seu país – México. Influenciada pela obra de seu marido Frida optou pelo emprego de amplas zonas de calor e sensíveis pinceladas, em um estilo deliberadamente ingênuo. Prezava para que suas pinturas afirmassem sua identidade mexicana e para isso, utilizou em vários quadros temas extraídos do folclore e da arte popular do México. Posteriormente, incluiu elementos fantásticos claramente introspectivos, a livre utilização do espaço pictórico e a justaposição de objetos incongruentes, que refletiu no desenvolvimento de seus trabalhos ao ponto de serem relacionados como movimento surrealista.

Considerando que não houve, na primeira metade do século XX, uma arte uniforme, visualizamos em sua obra, um conjuntos de tendências artísticas, proveniente de diferentes países, com propostas e objetivos que se aproximam, e traços que se assemelham no sentido de liberdade criadora, no desejo de romper com o passado e na expressão da subjetividade.

Depois do casamento com Diego Rivera, Frida apresenta uma notável mudança de estilo. Se em seus primeiros trabalhos demonstra interesse pela pintura renascentista italiana, depois, seus trabalhos mostram um estilo voltado à arte popular mexicana e sem qualquer compromisso com as regras da perspectiva. (KETTENMANN, 1994.)

Frida Kahlo encontrou na arte popular mexicana algumas de suas principais temáticas como as “figuras de Judas” – tipo de esqueleto que a acompanham em alguns auto-retratos. Também aparece vestida com roupas típicas da cultura indígena mexicana. Seus quadros são uma expressão de sua própria consciência nacional, neles, predominam as cores verde branco e vermelho da bandeira mexicana.

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