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Existiu, durante muito tempo, uma célebre discussão sobre a forma como se deu o descobrimento do Brasil. Um grupo defendia que descobrimento se deu por acaso, e outro defendia que o descobrimento foi intencional.
O primeiro grupo sustentava que a esquadra de Cabral, que tinha como destino as Índias, afastou-se das costas africanas para evitar uma calmaria e, por acaso, acabou encontrando as terras brasileiras.
O segundo grupo sustentava que Cabral já tinha conhecimento da existência das terras brasileiras e sua missão era tomar posse, oficialmente, dessas terras.
Essa discussão, tão debatida pela historiografia tradicional, é irrelevante. Afinal, o que importa se a chegada de Cabral se deu por acaso ou de forma intencional? Todavia, se quisermos entrar nessa controvérsia, tudo leva a crer que o descobrimento foi obra perfeitamente planejada, intencional. Basta lembrar a preocupação portuguesa em garantir, pelo Tratado de Tordesilhas (veja mapa que mostra a linha que dividiu o mundo entre Portugal e Espanha), a posse das terras do Atlântico Sul. Acrescente-se a isso que nas narrativas da viagem que possuímos, como a Carta de Caminha, o contato com o Brasil não é tratado como algo imprevisto. Esses documentos não registram manifestação de surpresa com a chegada ao Brasil. De fato, o continente sul-americano já era conhecido de portugueses e espanhóis. Em janeiro de 1500, os navegadores Alonso de Ojeda e Vicente Yañes Pinzón tinham passado pelo norte do Brasil.