Quem caminha pelos mais de 70 quilômetros de praia da Ilha Comprida, no litoral sul de São Paulo, pode perceber uma paisagem peculiar. Em meio às dunas da restinga, onde deveria existir apenas vegetação rasteira, grandes pinheiros brotam por toda parte. A sombra das
árvores é um bem-vindo refresco para os moradores da região, mas a verdade ecológica é que elas não deveriam estar ali – assim como os pombos não deveriam estar nas praças das cidades, nem as tilápias nas águas dos rios, nem o mosquito da dengue picando pessoas dentro de casa ou as moscas varejeiras rondando raspas de frutas nas feiras.
São todas espécies exóticas invasoras, originárias de outros países e de outros ambientes, mas que chegaram ao Brasil e aqui encontraram espaço para proliferar. Algumas são exóticas também no sentido de “diferentes” ou “esquisitas”, mas muitas já se tornaram tão comuns que parecem fazer parte da paisagem nacional tanto quanto um pau-brasil ou um tucano. Outros exemplos, apontados pelo Programa Global de Espécies Invasoras e por cientistas brasileiros, incluem o pinus, o dendezeiro, as acácias, a mamona, a abelha-africana, o pardal, o barbeiro, a carpa, o búfalo, o javali e várias espécies de gramíneas usadas em pastos, além de bactérias e vírus responsáveis por doenças importantes como leptospirose e cólera.
Nenhuma delas é nativa do Brasil. Dependendo das circunstâncias, podem ser meras “imigrantes” inofensivas ou invasoras altamente nocivas. Dentro do sistema produtivo, por exemplo, o búfalo e o pinus são apenas espécies exóticas. Quando escapam para a natureza, entretanto, muitas vezes tornam-se organismos nocivos aos ecossistemas “naturais”. Espécies invasoras não têm predadores naturais e se multiplicam rapidamente. São fortes, tipicamente agressivas e controlam o ambiente que ocupam, roubando espaço das espécies silvestres e competindo com elas por alimento – ou se alimentando delas diretamente.
Por sua capacidade de sobrepujar espécies nativas, as espécies invasoras são consideradas a segunda maior ameaça à biodiversidade no mundo – atrás apenas da destruição dos hábitats. Ao assumirem o papel de pragas e vetores de doenças, elas também causam impactos significativos na agricultura e na saúde humana.
ESCOBAR, Herton. O Estado de S. Paulo, 2006.
Percebe-se claramente no texto a
a) preocupação, a partir da análise de informações diversas, com a presença de espécies estrangeiras no hábitat natural brasileiro.
b) defesa do cenário econômico, além do paisagístico, criado com a introdução de espécies trazidas de fora para o Brasil.
c) crítica, apoiada em resultados econômicos, referente à introdução de espécies estrangeiras no país, tanto de plantas quanto de animais.
d) discussão de relatórios científicos a respeito do necessário controle a que devem ser submetidas algumas espécies invasoras no Brasil.
e) exposição, de caráter didático, de aspectos pitorescos da paisagem brasileira, especialmente em alguns pontos de atração turística.
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Resposta:
A
Explicação:
O autor se mostra preocupado com a presença de espécies estrangeiras, haja vista que elas podem concorrer com as espécies nativas, trazendo, assim, desequilíbrios de ordem ambiental e até econômica.
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