• Matéria: Geografia
  • Autor: marciafernanda126
  • Perguntado 5 anos atrás

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respondido por: juliaanogueira
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Histórico

Racionais MC’s é um grupo de rap paulistano formado pelo encontro das duplas de Mano Brown (Pedro Paulo Soares Pereira, 1970) e Ice Blue (Paulo Eduardo Salvador, 1970), os B.B. Boys, e de Edi Rock (Adivaldo Pereira Alves, 1970) e KL Jay (Kléber Geraldo Lelis Simões, 1969). O envolvimento de Mano Brown e Ice Blue com a música se inicia na infância pela cultura do candomblé, levados pelas mães aos terreiros. Os dois crescem na zona sul de São Paulo. Brown, na adolescência, integra um grupo de samba. Rock e KL Jay são da zona norte.

Nos anos 1980, eles frequentam bailes de música negra e KL Jay chama atenção pelo talento como dançarino de break. Edi Rock começa a cantar rap e abre shows para artistas como Thaíde & DJ Hum e MC Jack. KL Jay começa a acompanhá-lo como DJ. Os quatro frequentam o Largo de São Bento, reduto paulistano da cultura hip-hop nos anos 1980. O produtor cultural Milton Salles é quem promove a fusão das duplas no grupo Racionais MC’s e, em 1988, passa a empresariá-lo.

O nome é inspirado na chamada “fase racional”,1  do cantor e compositor carioca Tim Maia (1942 - 1998), uma das principais referências do grupo, que sampleia a música Ela Partiu (Tim Maia e Beto Cajueiro), de 1977, na faixa Homem na Estrada, lançada em 1993, no terceiro disco dos MC’s, Raio X Brasil. O grupo de rap norte-americano Public Enemy,2 cujo show em São Paulo, em 1991, tem participação dos Racionais MC’s, é outra influência do grupo, que usa a base instrumental da música Fight the Power (trilha sonora do filme Faça a Coisa Certa, 1989, do cineasta negro norte-americano Spike Lee) em Pânico na Zona Sul. A influência não é somente musical, mas também de postura política  e performance.

O compositor carioca Jorge Ben Jor (1942), no entanto, é a referência mais presente: ele participa do DVD 1000 Trutas, 1000 Tretas, de 2007, cantando e tocando guitarra na faixa de abertura do trabalho, A Bênção Mamãe, a Bênção Papai; regrava em parceria com Mano Brown a faixa Ponta de Lança Africano (Umbabarauma), em 2010; tem a música Jorge da Capadócia regravada pelo grupo ( a primeira do álbum Sobrevivendo no Inferno, de 1997); e trechos cantados de Frases e Dumingaz são utilizados no refrão da faixa Fim de Semana no Parque, de 1993. Em 1988, as duas primeiras músicas são lançadas na coletânea de rap Consciência Black, Vol. 1, pelo selo Zimbabwe: Pânico na Zona Sul e Tempos Difíceis, e incluídas no primeiro disco, Holocausto Urbano, de 1990. A crítica social, o preconceito, a discriminação do negro e o cotidiano na periferia se destacam nas letras, a exemplo de Racistas Otários e Pânico na Zona Sul.

Em 1992, os Racionais MC’s lançam o segundo disco, Escolha Seu Caminho, um EP com quatro faixas, sendo três delas versões para Voz Ativa, um sucesso em sua primeira fase, com base instrumental criada a partir do funk norte-americano Givin’Up Food  for Funk, da banda JB’s. Na fotografia que ilustra a capa do disco, os integrantes contam dinheiro, usam drogas e portam armas. Na contracapa, outra foto no mesmo ambiente mostra os quatro cercados de livros. A imagem reforça uma de suas bandeiras ideológicas na época, que prega a leitura e a informação para combater o racismo e o preconceito, bem como a influência do ativista político Malcolm X, citado em Voz Ativa, cuja biografia inspira fortemente o grupo nessa fase.

O terceiro disco, Raio X Brasil, é lançado em 1993. Samples de funk e soul norte-americanos são utilizados nas músicas Mano na Porta do Bar (Freddie’s Dead, de Curtis Mayfield), Júri Racional (Cissy Strut, de The Meters) e Fio da Navalha (Main Theme from Trouble Man, de Marvin Gaye).

Fim de Semana no Parque e Homem na Estrada são composições marcantes. Na primeira, um narrador em constante movimento reflete sobre a diferença do cotidiano na periferia paulistana e o resto da cidade e estabelece uma comparação entre o comportamento social em um clube particular e um parque público. O refrão “vamos passear no parque, eu vou rezar pra esse menino” é retirado de duas canções de Ben Jor (na voz do próprio). Homem na Estrada narra a dificuldade de um ex-presidiário em se recolocar na sociedade até ser morto pela polícia no fim da música. E quando a letra diz “nunca mais voltou”, a voz de Tim Maia (em trecho retirado da canção Ela Partiu) se soma à de Mano Brown. As duas músicas apresentam um elemento novo também nos arranjos, em que o DJ KL Jay usa frases dos cantores sampleados para se somar ao discurso da letra.

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