Xamanismo Kaingang versus xamanismo Bororo
As aldeias Bororo do Mato Grosso, no Brasil, são constituídas de duas metades exogâmicas e matrilineares, exarae e tugarege, às quais correspondem, respectivamente, o xamã chamado aroe etawa-are (servindo de intermediário entre os espíritos aroe) e bari (xamã dos espíritos bope). Esses dois tipos de xamãs, associados aos espíritos aroe e bope que Crocker (1985) compara ao yin e yang chinês, são os complementos inversos um do outro, ou dois princípios antitéticos, mas complementares, que definem pólos que se situam nos fundamentos da sociedade Bororo. Mais precisamente, o dualismo Bororo funda-se, segundo Crocker (1985, p. 314), numa dialética que concebe todas as coisas como sendo constituídas, ao mesmo tempo, dela mesma e de sua antítese.
A associação permanente das entidades bope ou aroe a uma metade e/ou um sexo – por exemplo, bope ao feminino e aroe ao masculino – não pode ser apoiada de forma convincente (Crocker, 1973, p. 79). Mais precisamente, toda associação de bope a exerae ou de aroe a tugarere é específica ao contexto de oposição e de comparação; assim, "all human beings are said to be a mixture of bope and aroe elements" (todos os seres humanos são ditos ser uma mistura de elementos bope e aroe). Ao contrário, de modo geral, "les Bororo eux-mêmes disent que les exarae sont plus bope, les tugarege plus aroe" (os próprios Bororo dizem que os exarae são mais bope e que os tugarege são mais aroe) (Crocker, 1977, p. 181). O autor sublinhou que:
Dans la tradition des Bororo, le shaman des aroe est presque toujours un exarae et le shaman des bope est presque toujours un tugarege, parce qu'ils ont des rapports analogiques aux rapports père/fils, c'est-à-dire que le tugarege est le "fils" de exarae, et vice-versa. (Na tradição Bororo, o xamã dos aroe é quase sempre um exarae e o xamã dos bope é quase sempre um tugarege, porque eles têm relações analógicas com as relações pai/filho, isto é, o tugarege é o "filho" do exarae e vice-versa.)
Esta observação é importante, pois indica que as relações entre xamã e espíritos são concebidas em termos de filiação, o xamã sendo o filho dos espíritos bope ou aroe. Em efeito, o termo "pai" entre os Bororo é um termo classificatório aplicado a todos os homens da geração superior da outra metade, pois, em virtude do princípio matrilinear, o pai e seus filhos pertencem a metades opostas. Revela-se que sobre o plano ritual, o pertencimento a metades opostas é um elemento central da relação com os espíritos:
Respostas
respondido por:
0
Resposta:
desculpe mais nao irei ler essa biblia
Explicação:
respondido por:
0
Resposta:
To com preguiça de ler sjbdjsvdhxgshxgxvshs
Perguntas similares
4 anos atrás
4 anos atrás
4 anos atrás
6 anos atrás
6 anos atrás
6 anos atrás
8 anos atrás
8 anos atrás