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Por volta das 20h de 9 de abril de 1970, Airton Joel Frigeri jantava em casa, na Rua Visconde de Pelotas, acompanhado dos pais e avós. O arrombamento da porta da residência interrompeu a rotina da família. Frigeri, então com 16 anos, foi levado por integrantes do Exército e da Brigada Militar, acusado de ter ligação com grupos armados contra o regime militar.
Hoje, aos 57 anos, o contabilista relembra a violência sofrida nas horas e dias seguintes à prisão. Inicialmente, foi levado algemado para a Delegacia Regional da Polícia Civil de Caxias. Chegou a ser atado em uma árvore, em um mato, onde foi interrogado sobre pessoas ligadas aos movimentos estudantis. No início da madrugada, Frigeri foi encaminhado ao Palácio da Polícia, em Porto Alegre, onde se agravaram as agressões e torturas.
Ele relata que já na chegada foi recebido com um soco. Nos dias seguintes, foi submetido a sessões que incluíam afogamento, choques elétricos nas orelhas, mãos e pés e golpes com pedaços de madeira. Durante 30 dias, ficou incomunicável com os familiares que o viram deixar a residência em Caxias em 9 de abril. Mais do que o trauma físico, Frigeri relembra com pesar o sofrimento psicológico a que ele e os demais presos eram submetidos.
Na última semana, o Tribunal de Justiça do Estado considerou, em ação ingressada por ele em 2008, que a tortura é um crime que não tem limite de data para ser cobrado. Na primeira instância em Caxias, tinha perdido a ação porque prescreveria em cinco anos. Como indenização, terá direito a R$ 200 mil.
— Não há dinheiro no mundo que pague o sofrimento pelo qual passei. Mas o ponto positivo desta decisão é que traz o assunto para discussão. Ajuda a mostrar que a pior das democracias é melhor do que a melhor das ditaduras — enfatiza Frigeri
"Eles praticamente me arrebentaram, entre os choques e pancadas nas costas. Nas costas eles usavam um instrumento que chamavam de papalégua. É assim um pedaço de madeira de mais ou menos uns 40, 50 centímetros, com uma tira de borracha, de pneu. Durante o choque, eles batiam com aquilo nas minhas costas. " disse Airton Joel Frigeri descrevendo coisas que ele desejava esquecer. (fonte: site Terra)
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