Texto 1
A partilha
REGINA – Ela está com uma cara tão tranquila...
SELMA – É. Mas penou muito coitada... Eu é que sei.
REGINA – Você tratou de tudo?
SELMA – Claro.
REGINA – (incrédula) Você mesma escolheu o caixão?
SELMA – Alguém tinha que escolher. Você some, a Laurinha vive enfiada no jornal. [...]
REGINA – Não estou te criticando. Não precisa ficar nervosa.
SELMA – Vocês deviam me agradecer, isso sim... [...] (anda de um lado para o outro.) Você avisou a alguém?
REGINA – Algumas pessoas. Poucas. Seus filhos não vêm?
SELMA – O Mário tá em São Paulo. A Simone, você sabe como é, não quis vir e eu não insisti.
REGINA – Devia ter insistido. [..]
SELMA – [...] Os seus filhos onde estão?
REGINA – Num festival de surf em Saquarema, eu acho.
SELMA – (metra) Um programa bem mais interessante do que enterrar a avó. (pausa. Elas se estranham um momento) [...]
LAURA – Não chegou ninguém ainda?
REGINA – Não. Aliás, eu estou achando isso muito esquisito. Alguma coisa deve ter dado errado. Não é possível que não apareça ninguém! Eu nunca vi nenhum enterro em que não apareça ninguém! [...]
SELMA – Eu avisei quem podia. Liguei pra São Paulo, mandei o comunicado pros jornais e telefonei pra Maria Amélia, mas o pessoal da tia Mirtes não vai poder vir.
REGINA – Então, pelo visto, só nos resta esperar.
Texto 2
Orfeu da Conceição
(Apolo olha Orfeu, levanta os ombros e interna-se no barracão. Ao emudecer sua mãe, o músico põe-se a tocar baixinho, em acordes nervosos.)
ORFEU
Ah, minha mãe
Minha mãe, que bobagem! e para quê
Ofender o meu velho, homem tão bom
Quanto músico, ele que me ensinou
Tudo o que eu aprendi, da posição
À harmonia, e que se nada fez
É porque fez demais, fez poesia...
CLIO
Ah, que eu já estou muito chata desta vida
Tomara já morrer...
ORFEU
Morrer sem ver
O filho de seu filho, que vai ser
O maioral dos maiorais?
CLIO (chegando-se a ele)
Que conversa esquisita é essa, meu filho?
ORFEU (pondo-lhe as mãos nos ombros)
Tão grande minha mãe, e ainda tão boba!
(recomeça a tocar)
Minha mãezinha, eu quero me casar
Com Eurídice...
CLIO (a voz desesperada)
Com Eurídice, meu filho? [...] Mas... pra quê?
ORFEU (dedilhando docemente)
Eu gosto dela, minha mãe; é um gosto
Que não me sai nunca da boca, um gosto [...]
Um gosto sem palavras, como só
A música pode saber...
(Dedilha o violão, como à procura da expressão que lhe falta.)
Fonte Texto 1: FALABELA, Miguel. A partilha. Disponível em: . Acesso em: 28 set. 2020. Fragmento.
Fonte Texto 2: MORAES, Vinicius de. Orfeu da Conceição. Disponível em: . Acesso em: 28 set. 2020. Fragmento.
(P100958I7_SUP)
(P100960I7) No Texto 1, no trecho “Um programa bem mais interessante do que enterrar a avó.”, os termos destacados foram usados para
estabelecer uma comparação.
indicar uma contraposição.
introduzir uma explicação.
marcar uma consequência.
sugerir uma condição.
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oi sou o menino triste tenha um bom dia e divirta-se no brainly achando suas resposta
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