Texto 1 :
“O que se segue a partir do apagamento conceitual não é que a arte seja indefinível, mas que as
condições necessárias para que alguma coisa seja arte devem ser bastante gerais e abstratas para
servir para todos os casos imagináveis, e, principalmente, que sobra muito pouco do nosso ‘conceito
de arte’ que possa embasar o desenvolvimento de uma definição real. Em A transfiguração do
lugar-comum, defendi duas condições que podem ser resumidas da seguinte maneira: ‘X é uma obra
de arte se corporificar um significado’, cujo principal mérito reside em sua fraqueza. Falta em minha protodefinição , como em todas as definições dos anos 1960 que conheço, qualquer
referência à beleza, que teria sido, certamente, uma das primeiras condições estabelecidas pelo
analista conceitual da virada do século XX. A beleza desapareceu não só da arte proposta nos anos
1960, como também da filosofia da arte da década. Nem poderia fazer parte da definição de arte
quando tudo pode ser arte, quando nem tudo é belo. [...] Mas a beleza raramente apareceu nas
revistas de arte a partir dos anos 1960 sem um riso desconstrutivista. Não muito depois do
estabelecimento, em 1925, da Fundação em Memória de John Simon Guggenheim, os fundadores
entenderam que seus principais beneficiários eram ‘homens e mulheres devotados a fazer avançar
as fronteiras do conhecimento e da criação da beleza’. Arte era tacitamente definida em termos de
criação de beleza e a criação de beleza é equiparada a fazer avançar as fronteiras do conhecimento.
[...] Mas referências à criação de toda e qualquer beleza desaparecem do vocabulário do National
Endowment for the Arts (NEA), uns quarenta anos depois, não só porque a beleza tinha saído da
agenda artística em 1965, mas também porque [...] seus patrocinadores viam os artistas como fontes
de ideias que poderiam ter valor na agenda nacional para vencer a Guerra Fria.
Nesses anos, entretanto, a arte moderna foi deixada de lado como subversiva e destrutiva e
essencialmente antiamericana por figuras como o Deputado Federal George A. Dondero, do estado
de Michigan, que escreveu: ‘A arte moderna é comunista porque é distorcida e feia, porque não
glorifica nosso lindo país, nosso povo risonho e alegre e nosso progresso material. Arte que não
embeleza nosso país, em palavras simples, arte que todo mundo possa compreender, traz
insatisfação. Portanto, opõe-se ao nosso governo e aqueles que a criam e promovem são nossos
inimigos’. [...]
Texto 2:
“Julga nossa época o belo de um modo diferente? Por certo, ela se acautela, mais do que nunca,
contra todo dogmatismo: ela se esforça em fazer justiça a todos os estilos reunidos no museu
imaginário, ela condescende com a extraordinária renovação das formas plásticas e sonoras que
tanto o gênio da invenção, quanto o contato com as artes dos selvagens suscitam nos artistas. Por
causa disso deve ser ela interditada de julgar? Alguns pensam assim e, com o pretexto de reprimir a
expressão de preferências subjetivas, se aplicam em dar uma acolhida igual a todas as obras sem
jamais escolher entre elas: a palavra belo desapareceu de seu vocabulário. Atitude hipócrita ou
preguiçosa.Em primeiro lugar, porque a arte não renunciou à beleza. As buscas mais
desconcertantes — aquelas que, às vezes, escandalizam um gosto esclerosado pelos hábitos ou
preconceitos — visam à beleza. Nós só as podemos apreciar se tomarmos em conta que elas
obedecem à lógica criadora dessa busca do belo e da perpétua exigência de renovação que ela
comporta na medida em que o belo se inventa mas não se imita.[...]
Mas o que é, então, o Belo? Não é uma ideia ou um modelo. É uma qualidade presente em certos
objetos — sempre singulares — que nos são dados à percepção. É a plenitude, experimentada
imediatamente pela percepção do ser percebido [...]. Perfeição do sensível, antes de tudo, que se
impõe como uma espécie de necessidade e logo desencoraja qualquer ideia de retoque. Mas é
também imanência total de um sentido ao sensível, sem o que o objeto seria insignificante:
agradável, decorativo ou deleitável, quando muito. O objeto belo me fala e ele só é belo se for
verdadeiro.
questões
1)Ambos os textos discutem o desaparecimento da beleza na arte. Como cada um apresenta o seu ponto de vista?
Respostas
respondido por:
0
Resposta:
No texto 1 ele diz que a subjetividade na arte (como por exemplo nas abstratas), acaba por embaçar nosso conceito de arte e assim, nos acabamos por não tomar uma definição real sobre as obras.
Já no texto 2 ele fala que a repressão do entendimento subjetivo das obras é necessária, para acolhermos igualmente as obras e seus "papéis".
NÃO SEI SE ESTAR SERTO
Explicação:
ESPERO TER AJUDADO (^_^)
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