Respostas
Resposta:
Sobre a crise de 1929 e a Grande Depressão - esclarecendo causa e consequência
Explicação:
Durante o resto da década 1920, o Banco Central americano reverteu sua postura até então conservadora e adotou uma política monetária muito mais expansionista: em 1920, os juros estavam em 6% ao ano. Ao final de 1927, eles já haviam caído para 3,5%. Uma redução de 42%.
Essa política monetária expansionista foi a principal responsável por sustentar a febre especulativa dos "loucos anos 20". A contínua criação de dinheiro pelo Federal Reserve permitia que os bancos concedessem, de forma contínua e aparentemente sem limites, empréstimos fartos e baratos para especuladores, os quais utilizavam esse dinheiro barato para comprar ações e, em seguida, revendê-las a preços muito maiores. A expansão monetária feita pelo Fed garantia que os preços das ações subissem continuamente. (Tudo isso está documentado em detalhes neste livro).
Vale ressaltar que é impossível preços de ativos subirem continuamente sem que esteja havendo uma grande expansão monetária, que dê sustentação a esse processo de alta nos preços. Sem expansão monetária é impossível preços subirem eternamente. E quem controla o processo de expansão monetária de um país é o seu Banco Central.
E assim foram os loucos anos 1920.
Até que, em fevereiro de 1928, o Fed, assustado com toda aquela febre especulativa, reverteu sua postura e, contrariamente às expectativas, começou a subir os juros. E o fez por três vezes seguidas. Em um período de 5 meses, ele elevou os juros de 3,50% para 5%. Pode parecer pouco, mas esse aumento de 43% em 5 meses bastou para interromper toda a farra especulativa.
Com o crédito mais caro, os especuladores começaram a ter dificuldades em auferir lucros em suas ações. Pegar dinheiro emprestado para comprar ações (um processo conhecido como "alavancagem") tornou-se 43% mais caro em 5 meses. Com menos empréstimos sendo tomados, a quantidade de dinheiro na economia parou de aumentar. (De novo, todas essas estatísticas estão documentadas neste livro). Com essa interrupção no crescimento da quantidade de dinheiro na economia, a própria atividade especulativa perdeu a potência. Os preços das ações pararam de subir.
Uma correção na bolsa de valores era inevitável.
E essa correção veio, mas de uma maneira inusitada.
No dia 29 de outubro de 1929, já com praticamente toda a atividade especulativa paralisada, a bolsa de valores americana desabou 12% em um único dia. Esse fenômeno, que ficou conhecido como a "terça-feira negra", é do conhecimento de todos. Mas o que não é muito bem conhecido é o que realmente precipitou essa correção tão súbita e tão substantiva.
Sim, a política monetária do Fed — que subitamente reverteu quase uma década de expansão monetária e dinheiro barato — criou as bases para que essa correção ocorresse, mas houve um outro detalhe: a história já revelou que, naquele dia 29 de outubro, correu a notícia de que o então presidente Herbert Hoover iria implantar a Tarifa Smoot-Hawley, que elevaria as tarifas de importação de mais de 20 mil produtos a níveis jamais vistos na história. Alem de encarecer substantivamente as importações, isso geraria uma guerra comercial e representaria um golpe fatal ao livre comércio.
Imediatamente os preços das ações das empresas desabaram.