Respostas
Resposta:
A conceituação de desenho aqui apresentada assume a posição interacionista-construtivista-estruturalista, por oposição aos determinismos homem – meio (inatismo) e meio – homem (empirismo). Nessa ótica, o desenho é um objeto de conhecimento como outro qualquer e, portanto, subordinado à mesma dinâmica de interação entre sujeito (S) e objeto (O) que rege todo o processo gnoseológico e que se traduz na constante e mútua modificação de ambos (S <–> O). Tal interação ocorre de modo construtivista, o que significa duas coisas: primeiramente, que cada etapa de desenvolvimento apoia-se sobre todas as anteriores e, em segundo lugar, que o processo não tem um estado acabado, isto é, S e O estarão sempre sujeitos a estágios melhores de construção (equilibração majorante). Além disso, o desenho apoia-se numa estrutura – a do espaço. Isso quer dizer que também ele se faz reger por leis próprias a toda e qualquer estrutura: constitui uma totalidade, transforma-se e possui mecanismos de auto-regulação.
Se o desenho é um modo de representar (externamente) a construção (interna) das estruturas espaciais e se isso é fruto de uma interação com o real, cabe neste momento situar mais detidamente estas duas espécies de relação.
Uma primeira questão emerge tão logo se comece a refletir sobre as relações entre o desenho e o objeto real que se pretendeu representar através do desenho: por que as crianças menores desenham de um modo tão mais ‘imperfeito’ do que as maiores? Por que colocam a boca acima do nariz ou fora do rosto, deixam transparecer os passageiros dentro de um trem, representam na mesma cena uma mesa vista de cima e cadeiras vistas de lado? Ou, em uma palavra, será que a criança percebe diferentemente do que sujeitos maiores? Nas considerações entre percepção e pensamento repousa uma aproximação à resposta das questões acima.
Piaget (1948) afirma que a imagem (representação, pensamento) não provém diretamente da percepção. Isso eqüivale dizer que o mero olhar ou o simples toque são incapazes de permitir que o objeto se introjete como pensamento. Na verdade, esta passagem só é possível através da intensa atividade do sujeito sobre os objetos. No início da vida (período sensório-motor), a criança manipulou incessantemente os objetos e, assim, pode inferir-lhes múltiplas utilizações (assimilação) e modificar-se a si própria por força das limitações por eles impostas (acomodação). A percepção pura forneceu apenas os elementos estéticos tal como as fotografias. A ação do sujeito sobre os objetos coordenou essas informações, dinamizando-as como num filme. A isso Piaget chamou de atividade perceptiva.
Explicação:
espero ter ajudado