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A necessidade de mão-de-obra escrava nos engenhos tornou a comercialização indígena um negócio tão lucrativo que os bandeirantes não se limitavam a retirar os nativos de suas terras e vendê-los, mas também passaram a atacar embarcações em que outros índios eram recebidos e catequizados pelos jesuítas. Os ataques levaram os jesuítas e procurarem outros locais, de mais difícil acesso, para proteger os índios.
Viabilidade econômica
Parte dos fazendeiros e senhores de engenhos no século XVII não recorriam à compra de escravos negros pelo alto custo da “importação” de mão de obra. Mas os índios não precisavam ser importados, a maioria estava há alguns quilômetros de distância, no interior paulista ou em estados vizinhos, o que os tornava economicamente mais interessantes. Os preços pagos pelos índios eram bem inferiores aos pagos pelos negros trazidos da África, por isso, a escravização indígena se tornou tão lucrativa para os bandeirantes e todo o movimento bandeirista.
Atuação no campo
A escravização de índios se tornou tão comum que em meados do século XVII iniciou-se o chamado “bandeirismo de contrato”. Na prática, os trabalhos escravos no campo passaram a ser feitos pelos índios enquanto os bandeirantes destruíam os quilombos, que abrigavam escravos negros foragidos.
A destruição dos quilombos acarretou em um dos mais marcantes episódios da história do Brasil e o mais importante de todo o ciclo do bandeirismo: o extermínio do quilombo dos palmares, em 1695.
Bandeirismo e os Interesses portugueses
O bandeirismo foi, na prática, a ampliação do domínio português no Brasil e em toda a América. Com a chegada aos estados de Minas Gerais, Mato Grosso, Goiás e Rio Grande do Sul, os bandeirantes tiveram acesso à quase toda riqueza disponível em terras brasileiras (pedras e metais preciosos, vegetação, entre outros).
Raposo Tavares, um dos principais nomes do movimento Bandeirista foi além do território brasileiro, explorando não apenas as regiões sul e sudeste do país, mas também as fronteiras com Bolívia e Peru, que eram propriedades espanholas.
Os avanços territoriais interessantes à coroa portuguesa deram ao Brasil a composição atual de seu mapa.
Ciclo do ouro
Entre os interesses portugueses estava a descoberta de ouro em abundância em território brasileiro, especialmente em Minas Gerais, o que deu origem ao ciclo do ouro, também chamado de ciclo de prospecção. O nome alternativo se deve à presença de especialistas e pesquisadores do metal precioso, chamados de prospectores. O ouro era retirado do país e levado para ser comercializado entre a elite portuguesa.
Com o declínio das atividades do bandeirismo em solo brasileiro, outro movimento ganhou destaque também pela descoberta de ouro e outros metais valiosos no interior do país: as monções. Com início em 1718, a descoberta do ouro em Cuiabá fez com que uma nova exploração se abrisse.
Os jesuítas e os bandeirantes
O processo de colonização brasileira contou com a atuação de diversas frentes, entre elas a Igreja Católica, responsável pela educação e catequização dos índios que aqui viviam.
A Igreja Católica desenvolveu sua parcela de trabalho através da Companhia de Jesus (jesuítas), que chegou a alguns lugares onde os desbravadores ainda não tinham conseguido acesso. Em troca de educação, os índios ofereciam trabalho (pesca, caça, confecções artesanais). Enquanto isso, quem sobrevivia do açúcar enfrentava uma grave crise econômica.
Para resolver a crise econômica, os bandeirantes dão início à comercialização de escravos indígenas, em substituição aos negros, com a mesma capacidade de produção e baixo custo.
Como os índios já estavam acostumados a trabalhar (em troca de educação), os bandeirantes viram neles uma forma de renda maior do que com os outros índios, ainda não “descobertos” pela Companhia de Jesus.
Como os índios ainda não descobertos eram violentos, buscavam se proteger e defender dos possíveis inimigos que se aproximavam de suas colônias, os bandeirantes passaram a planejar e executar ataques contra os grupos coordenados pelos jesuítas a fim de escravizá-los.
Por esse motivo, bandeirantes e jesuítas entraram em uma disputa particular pela posse dos índios, deixando a Coroa Portuguesa dividida. Embora a colonização fosse comandada pela Coroa, a Igreja Católica caminhava de mãos dadas com o Estado, o que não impediu graves agressões por parte dos bandeirantes.
O fim das disputas entre a Companhia de Jesus e o bandeirismo teve fim pela imposição do marquês de Pombal que exigiu a retirada dos jesuítas das terras brasileiras para que uma nova forma de colonização fosse praticada, dessa vez, atendendo apenas aos interesses da Coroa Portuguesa. Também foi o marquês de Pombal que determinou, ao mesmo tempo, a proibição da mão de obra indígena em regime de escravidão.
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