Respostas
Primeiramente, o que fez com que a história acontecesse foi o fato dos dois brinquedos estarem no mesmo lugar: uma gaveta.
Se o pião e a bola não estivessem guardados no mesmo local, provavelmente eles nunca sequer conversariam.
Para responder essa questão você precisará ler o texto "Um caso de amor". abaixo deixei o primeiro parágrafo:
"Um pião e uma bola estavam numa gaveta, junto com outros brinquedos, e o pião disse para a bola: “Por que a gente não namora, já que nós dois vivemos na mesma gaveta?”. Mas a bola, que era toda recoberta de marroquim¹ colorido e se considerava uma dama muito refinada, nem sequer respondeu a essa pergunta."
Espero ter ajudado!
Resposta:Um pião e uma bola estavam numa gaveta, junto com outros brinquedos, e o pião disse para a bola: “Por que a gente não namora, já que nós dois vivemos na mesma gaveta? ”. Mas a bola, que era toda recoberta de marroquim¹ colorido e se considerava uma dama muito refinada, nem sequer respondeu a essa pergunta.
No dia seguinte, o menino que era dono dos brinquedos abriu a gaveta. Depois de pintar o pião de vermelho e dourado, cravou-lhe um prego de latão bem no meio – e o resultado foi maravilhoso, quando o pião girou, zumbindo.
“Olhe para mim! ”, o pião falou para a bola. “O que você me diz agora? Vamos namorar? Nós formamos um belo par – você pulando, e eu dançando. Não existiria casal mais feliz. ”
“Isso é o que você acha! ”, a bola respondeu. “Você ainda não entendeu que meus pais eram chinelos marroquinos e que eu tenho cortiça dentro de mim! ”
“Tudo bem – mas eu sou de mogno²”, o pião rebateu.
“O prefeito me fabricou no torno dele e ficou encantado comigo. ”
“Pois sim... pensa que eu acredito em você? ”, a bola replicou. E o pião declarou que nunca mais havia de rodar, se estivesse contando lorota³.
“Até que você fala muito bem, para alguém da sua espécie”, a bola admitiu. “Mas não posso fazer nada. Estou praticamente comprometida com um pardal. Toda vez que me levanto nos ares, ele espicha a cabeça para fora do ninho e pergunta: ‘Quer? Quer? ’, e agora eu resolvi que vou responder ‘sim’, e isso é praticamente a mesma coisa que ficar noiva. Mas prometo que nunca me esquecerei de você. ”
“Bom, é um grande consolo”, o pião respondeu; e isso foi tudo que falaram um para o outro.
No dia seguinte a bola foi embora. O pião ficou olhando, quando ela voou como um passarinho e sumiu de vista. Mas logo ela desceu de novo e, ao bater no chão, deu um salto (...). Isso se repetiu várias vezes, até que a bola sumiu mesmo e não desceu mais; o menino a procurou por toda parte, porém não a encontrou.
“Eu sei onde ela está! ”, o pião suspirou. “Ela está no ninho do pardal. Ela se casou com o pardal.”
Quanto mais pensava na bola, mais o pião a amava. O fato de não ter conseguido conquistá-la só aumentava seu amor (...). E dessa maneira se passaram muitos anos, e a bola se tornou um amor antigo.
E o pião também já não era jovem...! Um dia, no entanto, ele se viu todo pintado de dourado (...) e saltava, e zumbia – ziii! Era fantástico! De repente, contudo, ele pulou muito alto – e desapareceu.
As pessoas da casa o procuraram por toda parte, até no porão, mas não o acharam. Onde ele teria se enfiado?
Bem – ele tinha ido parar dentro da lata de lixo, onde topou com todo tipo de resto, como talos de repolho, ciscos colhidos pela vassoura e sujeira que caíra da calha.
“Que lugar para se ficar! Meu dourado não vai durar muito por aqui”. E pelo canto do olho o pião espiou para um talo de repolho que estava bem perto dele e para uma coisa redonda, muito esquisita, que mais parecia uma maçã podre. Mas não era uma maçã; era a bola velha, que tinha passado muitos anos na calha e agora estava encharcada.
“Até que enfim apareceu alguém com quem se pode conversar”, a bola falou, examinando o pião dourado. “Sabe, eu sou de couro marroquino e tenho cortiça dentro de mim, apesar de você não imaginar isso, quando me vê. Eu ia me casar com um pardal, mas caí na calha e lá fiquei durante cinco anos, me encharcando de água. É muito tempo para uma moça, pode crer! ”
O pião, no entanto, não abriu a boca. Pensava em seu amor antigo e, quanto mais ouvia a bola falar, mais claramente entendia que ela era sua amada.
Então a empregada veio despejar o lixo. “Ora, ora! O pião dourado! ”, ela se surpreendeu. E levou o pião para a sala, onde o receberam com muitos elogios e aplausos, porém nunca mais se teve notícia da bola.
E o pião nunca mais mencionou seu velho caso de amor.
(Hans Christian Andersen. Histórias do cisne. São Paulo:
Companhia das Letrinhas, 2002. Adaptado.)
Explicação: esse é o texto