AMOR E TEMPO Tudo cura o tempo, tudo faz...
AMOR E TEMPO
Tudo cura o tempo, tudo faz esquecer, tudo gasta, tudo digere tudo acaba. Atreve-se o
tempo a colunas de mármore, quanto mais a corações de cera !
São as afeições como as vidas, que não há mais certo sinal de haverem de durar pouco, que
terem durado muito. São como as linhas, que partem do centro para a circunferência, que
quanto mais continuadas, tanto menos unidas. Por isso os antigos sabiamente pintaram o
amor menino; porque não há amor tão robusto que chegue a ser velho. De todos os
instrumentos com que o armou a natureza, o desarma o tempo. Afrouxa-lhe o arco, com
que já não atira, embota-lhe as setas, com que já não fere; abre-lhe os olhos, com que vê o
que não via; e faz-lhe crescer as asas, com que voa e foge. A razão natural de toda esta
diferença é porque o tempo tira a novidade as coisas, descobre lhe os defeitos, enfastia-lhe
o gosto, e basta que sejam usadas para não serem as mesmas. Gasta-se o ferro com o uso,
quanto mais o amor ?! O mesmo amar é causa de não amar e o ter amado muito, de amar
menos. Qual é o conflito apresentado no texto ?
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o conflito de um amor e o com passa do tempo
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