Respostas
O Brasil urbano é feio demais. Por que isso aconteceu? Alguns acusam “a ausência de planejamento urbano e de zoneamento, os gabaritos manipulados, o poder nefasto das empreiteiras e construtoras influindo na elaboração dos planos diretores”.
Apesar de ser um entendimento popular sobre o que ocorre na cidade, a história do urbanismo brasileiro mostra algo diferente. Porto Alegre, por exemplo, é planejada há mais de um século, e a sua Secretaria de Planejamento abertamente reconhece a tradição em planejamento da cidade. Em uma análise que fiz da legislação municipal existente que regula o ambiente construído, contabilizei mais de 1000 páginas de regras que ditam exatamente como cada edificação e calçada deve ser. No meu entendimento, é este planejamento demasiado, que impede que o desenvolvimento urbano responda às demandas dinâmicas de transformação, que gera resultados indesejáveis. Zoneamento, existente há mais de meio século, separa os lugares de morar, de trabalhar ou de consumir. Planejamento corta a cidade com viadutos e grandes avenidas, e regras determinam desde recuos obrigatórios nas edificações a vagas obrigatórias de garagem. Estas, por exemplo, isolam os prédios dos pedestres nas calçadas e criam as famosas “bandejas” de estacionamentos na base dos prédios, como relatam David e Rogerio Cardeman no excelente livro “O Rio de Janeiro nas alturas”, analisando as diferentes formas de verticalização da cidade sob cada plano urbanístico vigente.