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Explicação:
As mulheres negras têm ocupado papéis centrais e consolidado ações estratégicas para a sobrevivência da nossa comunidade desde os tempos da escravidão ao pós-abolição. Sejam elas em espaços religiosos, naqueles que envolvem as redes construídas a partir do trabalho ou do cotidiano familiar. Foi sobre a escravizada que, no passado, se construiu a possibilidade da família dentro do cativeiro. Mesmo sendo a minoria entre os trabalhadores forçados durante todo o período escravocrata, foi em torno delas que se estabeleceram as linhagens capazes de atravessarem gerações dentro da plantation. Isso tem a ver um pouco com as heranças da organização social e política de algumas comunidades africanas que herdamos na diáspora. E, também, está relacionado com as configurações dos modos emergentes daquele tempo de se pensar o gênero. Fatores decisivos para as disputas e o surgimento de um número considerável de processos judiciais que pautaram o direito dessas mulheres à guarda das filhas e filhos que nasciam aprisionados pelos ventres cativos, de um decreto que proibiu a separação das famílias nas transações de vendas dos escravizados (Decreto n° 1.695 de 15 de Setembro de 1869) e, de certa maneira, da própria da promulgação da Lei Rio Branco, mais conhecida como “Lei do Ventre Livre” (1871). A mobilização que as mulheres escravizadas geraram em torno dos próprios interesses, impactou, diretamente, o processo da abolição no Brasil, em Cuba e outras regiões das Américas. Por aqui, essas personagens foram as figuras centrais para a formação de uma identidade negra que se opunha à escravidão, pois, além dos motivos já apresentados, elas também foram aquelas que mais acessaram a liberdade via a compra de alforrias desde do século XVIII.