• Matéria: Filosofia
  • Autor: beatriz9091
  • Perguntado 5 anos atrás

TEXTO 2 - PERCORRENDO A HISTÓRIA, TRAJETÓRIA DO CORPO NEGRO. Cristian Souza de Sales -Sankofa. Revista de História da África e de Estudos da Diáspora Africana - Ano V, No IX, Julho /2012 [trecho]

Trazidos para o Brasil na condição de escravos do século XVI até 1850, quando o tráfico foi proibido no século XIX, os povos africanos eram pessoas de “lugares distintos e grupos familiares diferentes” que traziam “diversas interpretações sobre a origem do mundo e formas variadas de se relacionar com os outros”
Pessoas que foram retiradas abruptamente de seus lares e que não trouxeram objetos materiais. Nessas condições, transformaram seus corpos no patrimônio mais valioso que tinham, já que neles estavam alojadas muitas histórias, memórias, tradições culturais e religiosas, assim como ritos, mitos, informações identitárias e marcas simbólicas de pertencimento. O corpo era a lembrança do lar, da família, da ligação com os seus ancestrais: da África deixada para trás.
Sem conhecer o vernáculo colonial, apesar da proibição, os africanos, homens e mulheres que foram escravizados(as), usaram seus corpos como elemento de resistência, de comunicação e de interação entre si, o que possibilitou a criação de laços comuns entre povos provenientes de nações, grupos familiares, tribos e etnias distintas. Por meio do movimento, do batuque, da dança e da ginga, dos cânticos religiosos e das músicas entoadas para seus deuses, em inúmeras línguas (Banto, Iorubá, Jeje, Nagô entre outras), foram reconstruídas redes de sociabilidade: “de amizade, de comunidades e de família.
Dessa forma, os(as) africanos(as) e seus descendentes conseguiram redefinir estratégias de sobrevivência. Contudo, isto não só ancorou a vontade que eles tinham de resistir ao escravismo e “a experiência dolorosa do desenraizamento”, assim como alimentou o desejo de lutar por sua liberdade. Funcionou como importante mecanismo de preservação de seus bens simbólicos e imateriais: tradições religiosas e culturais, costumes, histórias, memórias, rituais e contos.
Para Martins, os africanos foram “assujeitados pelo perverso e violento sistema escravocrata”, tornados “estrangeiros e coisificados”. Apesar de tudo isso, “sobreviveram às desumanas condições da travessia marítima transcontinental”. Aqui, foram “destituídos de sua humanidade” e “desvestidos de seus sistemas simbólicos”, além de serem “menosprezados pelos ocidentais e reinvestidos por um olhar alheio, o do europeu”. Esse olhar, amparado em uma visão etnocêntrica, depreciativa e eurocêntrica, “desconsiderou a sua história, das civilizações e culturas africanas”
Assim, diferentemente dos sentidos, das crenças e das demarcações pejorativas sobre sua sexualidade e sensualidade, das orientações sugeridas sobre o seu uso, visto como mercadoria e mão-de-obra, corpo-objeto, corpo- produto, representações construídas pelas culturas hegemônicas no Brasil, os corpos negros nas tradições culturais africanas possuíam e possuem outras significações. Nas tradições culturais em África, os corpos têm conotações próprias, ultrapassando as visões negativas e limitadoras, os significados biológicos e mesmos os simbólicos da cultura ocidental. Para os povos africanos, o corpo é importante fonte do saber ancestral: é o lugar de transmissão de conhecimentos, de registro de experiências humanas individuais e coletivas.



2. Texto 2: O que é o corpo para o negro africano?

Respostas

respondido por: analivia3464
1

Resposta:

não entendi descupa mesmo

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