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Era dia 15 de março de 2020 quando comemorávamos o aniversário de um amigo, reunidos num bar, bebendo, cantando e comendo bons petiscos. Naquela época, a cerca de nove meses atrás ainda não eram proibidos os abraços e comemorações presenciais. A preocupação com a pandemia ainda não havia se instalado aqui.
Depois de beber um pouco era comum até dividir o microfone no karaokê e cantar abraçados. Um gesto simples que hoje representa um sério risco de morte. E agora, tudo que brincamos, abraçamos e rimos parece um passado longínquo e pouco aproveitado.
Talvez aquele amigo que ficou com preguiça de atravessar o bairro para estar na comemoração, se soubesse do desfecho da pandemia, tivesse se esforçado mais para comparecer. E talvez se eu soubesse que abraço seria arriscado, não teria estranhado tanto a desconhecida que já um pouco alterada me abraçou agradecendo a música que coloquei para tocar na máquina.
Os tempos são difíceis agora, o rosto dos meus amigos estão condicionados em uma tela de 6 polegadas e estar distante deles é uma forma de cuidar. Parece irônico, contraditório...
Hoje o verão começou, moro num paraíso ecológico, rodeada de parques naturais, cachoeiras exuberantes as quais não posso frequentar para espantar o calor. O jornal diz que o número de mortes voltou a crescer, o que significa que o natal vai ser atípico. Sem comércios abertos até tarde, sem confraternizações cheias de gente, sem abraços... O amigo agora está mesmo oculto, o inimigo também, deste só vemos o estrago.
Espero que passe logo, que passe antes do verão acabar.
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