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Resposta:
Buscando romper com análises que enxergam uma elite benevolente que supostamente
teria conduzido prematuramente os negros cearenses à abolição da escravidão, esta tese
evidencia as lutas empreendidas pelos escravos para alcançar a liberdade, ainda durante
o cativeiro. Foram utilizadas diversificadas fontes históricas para reconstituir perfis e
trajetórias de senhores, escravos e libertos que vivenciaram o cotidiano da escravidão
em Fortaleza ao longo do século XIX. As experiências destes agentes sociais estiveram
relacionadas às transformações ocorridas no Ceará, como o fechamento do tráfico
transatlântico de escravos em 1850; o intenso fluxo de escravos deslocados através do
tráfico interprovincial, especialmente nos momentos de secas; a guerra do Paraguai que
movimentou o comércio de alforrias na província mediante manumissões; e, por fim, a
promulgação da lei do Ventre Livre de 1871, que permitiu um maior alcance da
liberdade pelos cativos através do pecúlio, redefinindo e moldando as tensas relações
sociais tecidas entre senhores e escravos.