3 - Quando surge o Arcadismo na Europa, alguns dos acontecimentos listados abaixo refletem o momento histórico mundial, marque a alternativa incorreta, isto é, que não faz parte desses acontecimentos. *
a) O Iluminismo: movimento cultural da elite europeia que visava ao esclarecimento – século das Luzes –, levando ao espírito enciclopédico: difusão do conhecimento
b) A Independência dos Estados Unidos (1776)
c) A Segunda Guerra Mundial (1939)
d) A Revolução Francesa (1789), que pregava os princípios de liberdade, igualdade e fraternidade
4 - No Brasil, alguns fatos estão ocorrendo enquanto o arcadismo é iniciado. Que fatos são esses? *
a) A Inconfidência Mineira e o Ciclo do Ouro.
b) A Guerra dos Farrapos
c) A Revolta da Chibata
d) A Proclamação da República Federativa do Brasil
5 - Segundo o crítico Alfredo Bosi, em seu livro História Concisa da Literatura Brasileira (São Paulo: editora Cultrix, 2006), houve dois momentos do Arcadismo no Brasil: *
a) lírico e poético
b) poético e ideológico
c) épico e histórico
d) ideológico e épico
Respostas
Resposta:O Arcadismo (ou Neoclassicismo) surge em 1756 com a fundação da Arcádia Lusitana: movimento de reação ao Barroco. O Arcadismo procurava restabelecer o equilíbrio, a harmonia e a simplicidade da literatura renascentista, rompida pelo período da contra-reforma protestante. Com a proposta de eliminar os rebuscamentos e os ornamentos exagerados da estética barroca, o poeta árcade baseia-se nos preceitos do Iluminismo (movimento filosófico de bases racionalistas e antirreligiosas).
PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS
Segundo o crítico Alfredo Bosi, em seu livro História Concisa da Literatura Brasileira (São Paulo: editora Cultrix, 2006), houve dois momentos do Arcadismo no Brasil:
a) poético: com o retorno à tradição clássica com a utilização dos seus modelos e a valorização da natureza e da mitologia.
b) ideológico: influenciado pela filosofia presente no Iluminismo, que traduz a crítica da burguesia culta aos abusos da nobreza e do clero.
Bucolismo/Pastoralismo: a poesia árcade retrata uma natureza tranquila e serena, procurando o “Lócus Amoenus”, um refúgio calmo que se contrastava com os centros urbanos monárquicos. O burguês culto buscava na natureza o oposto da aristocracia.
Aurea Mediocritas: os poetas, autointitulados pastores, exaltavam a vida simples, equilibrada, espontânea e humildade. Para ser feliz, bastava estar em comunhão com a natureza.
Pseudônimos pastoris: o fingimento poético (simulação de sentimentos fictícios) é marcado pela utilização dos pseudônimos pastoris. Como pastores, os poetas, em sua maioria burgueses que vivam nos centros urbanos, realizavam o ideal da mediocridade dourada (aurea mediocritas).
Carpe diem: significa aproveitar o dia, viver o momento com grande intensidade. Foi a atitude assumida pelos poetas-pastores, que acreditavam que o tempo não parava e, por isso, deveria ser vivido plenamente em todos os sentidos.
Fugere Urbem: os árcades buscavam uma vida simples, próxima da natureza, longe das confusões urbanas. A modernização das cidades trazia os problemas dos conglomerados urbanos. A alternativa era mudar-se para os prados e campos.
Inutilia Truncat/Objetivismo: as inutilidades eram cortadas. A linguagem era depurada, sem exageros ou o rebuscamento da poesia barroca. Os poetas árcades eram contidos em sua expressão poética.
Universalismo: os árcades não compactuam com o individualismo. Tratam dos temas de maneira geral ou universal.
Principais autores do Arcadismo:
Manuel Maria Barbosa du BOCAGE (português) – poeta de transição entre o Arcadismo e o Pré-Romantismo.
No Brasil, temos Cláudio Manuel da Costa, Tomás Antônio Gonzaga, Basílio da Gama, Santa Rita Durão, Silva Alvarenga.
CAIU NO ENEM
(Enem - 2008 - prova amarela - questão 12)
Torno a ver-vos, ó montes; o destino
Aqui me torna a pôr nestes outeiros,
Onde um tempo os gabões deixei grosseiros
Pelo traje da Corte, rico e fino.
Aqui estou entre Almendro, entre Corino,
Os meus fiéis, meus doces companheiros,
Vendo correr os míseros vaqueiros
Atrás de seu cansado desatino.
Se o bem desta choupana pode tanto,
Que chega a ter mais preço, e mais valia
Que, da Cidade, o lisonjeiro encanto,
Aqui descanse a louca fantasia,
E o que até agora se tornava em pranto
Se converta em afetos de alegria.
Cláudio Manoel da Costa. In: Domício Proença Filho. A poesia dos inconfidentes. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2002, p. 78-9.
Considerando o soneto de Cláudio Manoel da Costa e os elementos constitutivos do Arcadismo brasileiro, assinale a opção correta acerca da relação entre o poema e o momento histórico de sua produção.
a) Os “montes” e “outeiros”, mencionados na primeira estrofe, são imagens relacionadas à Metrópole, ou seja, ao lugar onde o poeta se vestiu com traje “rico e fino”.
b) A oposição entre a Colônia e a Metrópole, como núcleo do poema, revela uma contradição vivenciada pelo poeta, dividido entre a civilidade do mundo urbano da Metrópole e a rusticidade da terra da Colônia.
c) O bucolismo presente nas imagens do poema é elemento estético do Arcadismo que evidencia a preocupação do poeta árcade em realizar uma representação literária realista da vida nacional.
d) A relação de vantagem da “choupana” sobre a “Cidade”, na terceira estrofe, é formulação literária que reproduz a condição histórica paradoxalmente vantajosa da Colônia sobre a Metrópole.
e) A realidade de atraso social, político e econômico do Brasil Colônia está representada esteticamente no poema pela referência, na última estrofe, à transformação do pranto em alegria.
Resolução da questão
O poeta, ao retornar de Portugal (Metrópole) para o Brasil (Colônia), vive a dicotomia entre cidade e campo, temática da poesia árcade. Portugal representa a civilidade, enquanto o Brasil, a rusticidade, o bucolismo dos “montes” e “outeiros”. Gabarito: b
Explicação: