Abaixo, temos um poema de Ferreira Gullar, cujo título é “Traduzir-se”
Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.
Uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.
Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.
Uma parte de mim
almoça e janta:
outra parte
se espanta.
Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.
Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.
Traduzir uma parte
na outra parte
- que é uma questão
de vida ou morte -
será arte?
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1- No poema, há uma tentativa de definir-se, ou de “traduzir-se”, como o próprio
título diz. Lendo-o, como você definiria essa pessoa que tenta se traduzir?
2- Em alguns momentos do poema, o eu-lírico (caso você não se lembre desse
conceito, o eu-lírico é a voz que fala na poesia) apresenta definições
contraditórias para si mesmo. Cite algumas.
3- Os últimos versos do poema trazem uma pergunta: “Traduzir uma parte na
outra parte – que é uma questão de vida ou morte – será arte?” Você se
arriscaria a respondê-la? O que é arte, para você?
Respostas
Resposta:
1) Uma pessoa comum como todos nós, que tem momentos que pensa e age de uma forma e em outros momentos pensa e age totalmente ao aposto, por exemplo, podemos ir em uma festa de família e ficarmos reservados em uma mesa, apenas conversando e observando o movimento dos familiares, entretanto ao sairmos com nossos amigos podemos beber e dançar em cima da mesa fazendo uma performance, duas atitudes e pensamentos completamente distintos, mas a mesma pessoa, a situação é que define como a pessoa age e as vezes ser duas pessoas tão diferentes, nos deixa intrigados.
2) Uma parte de mim é ninguém / Uma parte de mim é multidão. Uma parte é permanente/ A outra se sabe de repente (Este trecho tem tudo a ver com o exemplo que eu dei ali em cima na primeira pergunta)
3) Arte para mim é uma forma de expressar quem somos, como pensamos, como nos sentimos, o que queremos expressar aos outros e a nós mesmos, acredito que não precisamos traduzir nossas faces, apenas compreender que todas elas fazem parte do nosso ser, somos quem somos por todas essa nuances, por todas essas variações, é que isso que nos compõe, que nos define. Não precisamos assumir uma face, todas elas se complementam dando forma a nós mesmos.
Se puder, marque como melhor resposta, me ajuda muito!
OBS: Eu tinha postado a resposta 2 e 3 nos comentários porque achei que não caberia aqui, mas coube, então desconsidera (não sei apagar ali)