• Matéria: Português
  • Autor: micaelsolodyuk
  • Perguntado 5 anos atrás

Necessito de uma apreciação crítica do conto "Aladim e a lâmpada mágica", do livro Mil e Uma Noites.

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respondido por: Tomasduarte05
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Aladdin passa os dias improvisando, tentando dar um jeito de sobreviver nas ruas de Agrabah. Até que encontra um gênio que pode lhe conceder alguns desejos. Ele se apaixona pela filha do sultão e, munido de um bocado de magia, esperteza e amor, enfrenta inimigos e salva o dia, a princesa, o reino e a si mesmo, vivendo no conforto de um grande palácio para nunca mais morrer de fome.

O conto Aladdin e a lâmpada maravilhosa, uma das mais conhecidas histórias da obra As mil e uma noites, já teve diversas versões no Ocidente e Oriente, com adaptações para jogos, séries animadas e cinema. Com o lançamento do longa-metragem em live action Aladdin feito pelos estúdios Disney neste ano, o personagem volta a rondar ainda mais fortemente no imaginário da criança contemporânea, destacando algumas lições a serem aprendidas com a história.

“O que há de sensacional é o ponto de vista ético que é sempre abordado [na obra Aladdin].” Para o roteirista e professor Anderson França, fundador da Universidade da Correria no Complexo da Maré, na qual organiza encontros e aulas com foco na inserção social de grupos minoritários em situação de vulnerabilidade, existem diversas lições a serem aprendidas com a história – tantas que vale sua releitura constante. Autor de Rio em shamas, livro de crônicas e crítica social indicado ao Prêmio Jabuti em 2017, ele destaca que há diferença se o contato com o conto de Aladdin se dá pela literatura ou pelo cinema. Entre uma palestra e outra sobre temas políticos e sociais, o educador fala de suas impressões sobre a adaptação e o conto original de As mil e uma noites.







Mil e uma versões e identidades de Aladdin

Nas primeiras versões do conto Aladdin e a lâmpada maravilhosa, o protagonista é filho de um mercador que não quer seguir a profissão do pai, e passa os dias sem estudar ou trabalhar e, depois da promessa de riqueza feita por um mago que se passa por um tio rico viajante, o jovem é enganado e fica preso numa gruta subterrânea cheia do ouro que lhe foi prometido, sendo salvo por um anel que aprisiona um gênio. Ao voltar para casa, carrega os tesouros que encontrou e, numa lâmpada, libera o segundo gênio, que lhe ajuda a casar com a filha do Sultão e se vingar do mago que tenta roubar sua fortuna.

Já o filme de 2019 se inspira em uma versão da história já adaptada pela Disney, em 1992, na qual Aladdin vive com a companhia de seu fiel macaco de estimação Abu e cresce na cidade atrás de um pedaço de pão ou uma fruta para não morrer de fome. Mesmo que ele seja livre, uma vez que ele se vê preso à pobreza e à falta de oportunidades. Do outro lado temos Jasmine, uma princesa que tem conforto e riquezas, mas não pode sair do palácio onde vive e aguarda a chegada de um príncipe para viver uma vida que ela não quer. Ambos vivem presos em suas realidades, onde cada um tem o que o outro deseja.

O live action também surge com a promessa de dar mais tons da contemporaneidade: a atualização da Jasmine, por exemplo, mostra uma aproximação com as pautas dos movimentos feministas atuais. Enquanto nas primeiras versões a princesa tinha em Aladdin a salvação, agora ela pode vencer sozinha seus dilemas, enfrentando de igual para igual quem quer que seja. Interpretada por Naomi Scott, atriz de ascendência indiana, Jasmine mostra essa renovação não apenas sobre as questões de gênero, mas também étnicas: “As releituras feitas nesta edição de 2019 têm um elemento que é importante: a presença do Will Smith e principalmente a presença de atores não brancos. Esta releitura na narrativa final é importante porque a gente tira um pouco e cada vez mais o foco de atores brancos e caucasianos das grandes narrativas da indústria e do imaginário infantil”, comenta Anderson.





Ilustração de Aladdin com elementos de diversas culturas orientais, presente em uma das edições da tradução francesa de Antonie Galland, publicada em 1840



Essa variedade condiz com a própria origem do conto. As histórias que compõem As mil e uma noites surgem a partir de lendas da cultura indiana e persa que, mais tarde, foram traduzidas para o árabe. Do século VIII em seguinte, as narrativas do folclore árabe também foram aos poucos sendo incorporadas ao conjunto. Nessa soma, muitos dos contos originais foram transpostos para o cenário árabe da época – a então chamada Era de Ouro do Islã, quando os reinos árabes e muçulmanos expandiram seu domínio e influência (que acabou por incluir, depois, contos sírios e egípcios).

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O primeiro registro da coletânea data do século XVIII, quando o orientalista francês


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