Para responder as questões de N° 30 e 31 leia antes o texto abaixo.
Embora a experiência portuguesa com a escravidão no Mediterrâneo, na Guiné e na ilha da Madeira tenha sido
anterior a seu primeiro contato com o Brasil, as relações iniciais com os povos indígenas agrícolas semissedentários de
língua tupi, situados na costa brasileira, não se baseavam na escravidão, e sim num sistema de troca, o escambo, em que
os nativos trabalhavam para os portugueses, encontrando e carregando troncos de pau-brasil até a costa, em troca de
produtos comerciais, instrumentos de metal ou armas. A derrubada de árvores era uma atividade masculina corrente no
ciclo agrícola das sociedades tupis, e os termos de troca propostos pelos portugueses satisfaziam as necessidades
indígenas. Além disso, a coerção ou a escravização não fazia muito sentido como modo de controlar uma força de
trabalho que, para encontrar árvores, tinha de se embrenhar na selva, onde seria relativamente fácil fugir.
Mas, com a implantação do sistema de capitanias a partir de 1534, o assentamento português e, em algumas
capitanias, a introdução da cana-de-açúcar e dos engenhos mudaram as relações com as populações indígenas. Os índios
se mostravam relutantes em trabalhar continuamente na roça, pois consideravam este um trabalho de mulher, e, em alguns
casos, a demanda indígena de bens como machados de ferro e armas de fogo encarecia cada vez mais sua mão de obra
para os portugueses. Ademais, a relutância dos índios em fazer esse tipo de trabalho e a resistência armada contra a
apropriação portuguesa de suas terras levaram a campanhas militares entre as décadas de 1540 e 1560, nas capitanias
nordestinas da Bahia e de Pernambuco, que resultaram na escravização de índios capturados numa "guerra justa".
Os cativos eram utilizados para trabalhar nos engenhos cada vez mais numerosos no litoral brasileiro.
Esse processo, porém, encontrou algumas dificuldades com a chegada, em 1549, de missionários jesuítas, que
então tentaram pôr freio à escravização. Os jesuítas procuraram reunir os povos nativos em aldeias onde, sob sua tutela,
podiam produzir um excedente agrícola útil para a colônia, e com as quais também podiam fornecer mão de obra
remunerada para as fazendas de cana e para outros proprietários coloniais, ou ainda, como fizeram em 1567 em reação a
uma revolta de escravos índios nos engenhos baianos, utilizar os indios da aldeia em defesa da colônia. Os colonizadores,
contudo, opunham-se a qualquer interferência no mercado de trabalho.
SCHWARTZ, Stuart. "Escravidão indígena e o início da escravidão africana” IN: GOMES, Flávio [et al.].
(Orgs.). Dicionário da escravidão e liberdade. São Paulo: Companhia das Letras, 2018, p. 216-217.
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jubscreia Juliana da Silva Brás luana
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