Respostas
Resposta:
Olhos que condenam” é uma premiada produção cinematográfica sobre a injusta prisão de cinco adolescentes negros, por pressão popular, revelando os abusos e o sectarismo racial ainda existentes. De semelhante modo, as práticas racistas persistem na sociedade contemporânea, sobretudo na brasileira, produto de sua construção histórico-social escravocata. Tal como posto, o racismo perfaz um problema grave, perverso, a[1] medida em que provoca desigualdade, exclusão e violência.[2]
É importante salientar, a princípio, que as práticas discriminatórias no país existem, a despeito das correntes negacionistas atuais. Dessa maneira, uma classe se sobrepõe à outra, para isso se utilizando de estruturas de poder, o que Foucault denomina como cadeia de exclusão. É, portanto, um racismo estrutural, institucionalizado, de ações socialmente impostas. Não obstante, é raro ver negros em posições de destaque, desembargadores ou CEOs, por exemplo, e[3] comum vê-los em bolsões de miséria e arrastados pela violência. A pobreza no Brasil tem cor e, inquestionavelmente, as consequências estão a olhos vistos.[4]
Nessa perspectiva, cabe ressaltar,[5] que 78% dos pobres do Brasil e 65% da população carcerária é negra, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, com dados de 2018.[8] Ademais, cargos de menor qualificação e salário são de ocupação predominante dessa população, ainda de acordo com a pesquisa. Nesse sentido, depreende-se que os resquícios da escravidão, em uma perspectiva socioeconômico-cultural, nunca foram superados. Dessa maneira[6], mais trabalho, mais violência e menos dinheiro traduzem uma dívida, que historicamente gera desigualdades, e[7] como tal, necessita ser quitada.
[9] É fundamental, para resolução dessa problemática, que se proponha um projeto nacional, capitaneado pelo Ministério da Educação, que vise o combate ao racismo pela educação e transformação de realidade. Que, por conseguinte, permita a aplicação de conteúdos transdisciplinares em escolas, alcançando crianças, bem como a formação de grupos de discussão em universidades, associações comunitárias e locais públicos, ressignificando cultura e comportamento, para adultos. Evitando-se, dessa forma, a repetição de histórias como as de “Olhos que condenam” e rompendo-se com essa cadeia nociva de exclusão, perversidade e violência.[10]
Resposta:
No Brasil, desde a colonização, há um processo de sincretismo, em que a cultura da nação sofre influência africana, europeia e indígena. Entretanto, devido ao eurocentrismo – grande valorização e hegemonia das tradições e das características do povo europeu – e ao papel do português como colonizador há, até hoje, uma exaltação de tudo que vem do branco e desprezo e preconceito pelo que é de origem negra, tornando um país de fortes influências africanas, racista, que mesmo ciente de tal flagelo, permanece excludente ao longo dos séculos.
Com o passado histórico brasileiro demarcado pela opressão étnica, o racismo, gerador de violência, ódio e discórdia, tornou-se um fator cultural de extrema prevalência no país e, por isso, deve ser urgentemente, combatido. Segundo Nelson Mandela: “Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender, e se podem aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar”. A partir dessa afirmação de um dos símbolos da luta contra a segregação de raças, há a comprovação de que a grande questão do preconceito é que valores de aversão à diversidade são doutrinados na sociedade e, para reverter a atual situação, é necessária uma mudança educacional que promova a igualdade e a harmonia.
Em virtude dessa discriminação amplamente difundida, a sociedade brasileira, em sua maioria, demonstra uma certa ojeriza pela produção cultural negra e pela estética da etnia, o que é explícito e reforçado pela mídia. Nos meios de comunicação de massa, como o cinema, a televisão e a internet, é visível a falta de espaço para a produção de origem afrodescendente e a ausência de papéis – principalmente de protagonistas – em filmes, séries e novelas para atores negros. Contudo, quando existem personagens disponíveis, são usados para a construção de estereótipos preconceituosos, a exemplo de negros retratados como criminosos ou trabalhadores de subempregos.
Fica evidente a necessidade de ação para a mudança do atual contexto de desigualdades entre raças, que continua assolando o país. Portanto, o Ministério da Educação deve realizar a inserção de tópicos fundamentais no currículo escolar para a formação cidadã, de modo a introduzir o estudo da história dos povos africanos – essencial para o entendimento da construção sincretista brasileira – e também deve ser discutido nas aulas de Sociologia a importância do negro na sociedade e o seu legado cultural. Além disso, o Ministério da Cultura deve usar de seus recursos para ampliar o incentivo à produção artística afrodescendente, que por meio de discussões inovadoras e personagens diferenciados, promova a diversidade da cultura e a desconstrução da imagem estereotipada que difama o negro.