Certos locais do mundo reúnem as condições ideias para o surgimento de um novo vírus ou mesmo a mutação de outros já existentes. Que condições são essas?
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Explicação: Receita básica:
Um determinado vírus pode circular por um tipo de animal rotineiramente, durante milhares de anos. Há coronavírus, por exemplo, que só afetam morcegos, gatos ou camelos. Mas, ao longo desse processo, pode acontecer alguma mudança que faça o patógeno pular para outra espécie.
Mais carne no prato
O mundo nunca comeu tanto bife. Essa é a conclusão que pode ser retirada a partir das projeções da FAO, a Organização de Comida e Agricultura da ONU. Em um relatório de 2011, a entidade calcula que a demanda global por cortes bovinos crescerá 81% entre 2000 e 2030. O mesmo aumento pode ser visto em outros produtos de origem animal, como leite (97% a mais), carneiro (88%), porco (66%), aves (170%) e ovos (70%).
Extensa urbanização
É curioso notar como alguns desses patógenos que nos afetam ainda hoje têm uma longa história, que começa justamente quando os seres humanos se tornaram sedentários e se aglomeraram num único local, há mais ou menos 10 mil anos. "Nesse período, o gado da região da Ásia era acometido por um vírus, que passou para a África e a Europa antes de ser extinto. Sabemos que ele é geneticamente semelhante ao sarampo", relata Ujvari.
Atualmente, mais de 4 bilhões de pessoas vivem em áreas urbanas do planeta. De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), em 2007, a quantidade de gente vivendo nas cidades ultrapassou pela primeira vez na história a proporção de moradores das áreas rurais.
Mas o que isso tem a ver com as doenças infecciosas? Para começo de conversa, muitos municípios não oferecem as condições sanitárias mais básicas (esgoto e água encanada, por exemplo). Calcula-se que, só no Brasil, 22% a 37% dos cidadãos morem em favelas — esse número chega em 90% em alguns locais do continente africano. O esgoto não tratado é despejado em rios, córregos e lagos que, muitas vezes, são fonte de água para abastecer as casas. Isso gera quadros de diarreia e outras infecções. Além disso, o acúmulo de lixo em aterros e terrenos baldios vira local de procriação de mosquitos, como o Aedes aegypti, transmissor de doenças como dengue, zika e chikungunya.
"É preciso pensar nessa infraestrutura das cidades, para permitir que os países possam responder mais rapidamente a uma crise sanitária", chama a atenção a médica epidemiologista Denise Garrett, vice-presidente do Instituto Sabin de Vacinas.