O adjunto adverbial “pelo avesso”, que se repete três vezes, indica o modo de bordar pelo lado de trás do tecido, oposto ao lado direito. No poema, a expressão adquire um sentido metafórico. Interprete esse sentido
texto: Donzela ao seu espelho atenta ao seu tear, bordando pelo avesso, dragão de irado olhar. A pétala e o donzel de leve suspirar, falcão preso à corrente, pavão a cintilar. Bordado pelo avesso o escuro parecer, o mal torna-se bem, a terra em florescer. A cor e seu contorno se encontram de repente e o olhar que nada vê só vê o que pressente. Se fosse o mundo só a fria geometria, não tão certa não seria a exata fantasia. Não fosse o desamor a mágoa que persiste, do amor não nasceria a ela face triste. Donzela que tão só teces o adivinhar, recria pelo avesso o pranto e o esperar. Partiu o cavaleiro em guerras a guerrear, tua mão traçando a prata recrie o seu voltar.
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Mas se o avesso de realidade é a fantasia, podemos dizer que o avesso é ao contrário
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A expressão torna-se metáfora na construção da esperança, como se a
moça pudesse alterar a realidade do destino por meio do seu bordado. O
avesso da realidade seria a fantasia, o do sofrimento, a esperança, o da
ausência, o retorno.
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