Respostas
Resposta:
Primeira:
Começou a escurecer rapidamente, e a gente trabalhando. A Fábrica apitou.
Precisava andar depressa. Jandira já estava colocando os pratos na mesa. Ela tinha a
mania de dar a comida pra gente mais cedo, para ninguém amolar os mais velhos.
— Zezé!... Luís!...
O berro vinha tão forte como se a gente estivesse lá pelos lados do Murundu.
Desci Luís e falei:
— Vai indo à frente que eu já vou.
— Zezé!... Venha logo, senão vai ter.
— Já vou já!
A diaba estava de mau humor. Devia ter brigado com um dos seus
namorados. Ou o da ponta da rua ou o do começo.
Agora, parecia de propósito, a cola estava ficando seca e a farinha grudava
nos dedos dificultando o trabalho.
O berro veio mais forte. Quase não havia mais luz para o meu trabalho.
— Zezé!...
Pronto. Estava perdido. Ela veio de lá, furiosa.
— Pensa que eu sou sua empregada? Venha comer logo.
Invadiu a sala e me agarrou pelas orelhas. Foi me arrastando até a sala e me
atirou contra a mesa. Aí eu me danei.
— Não janto. Não janto. Não janto. Eu quero é acabar o meu balão.
Escorreguei e voltei correndo para o lugar anterior.
Ela virou fera. Em vez de avançar para mim, caminhou em direção da mesa.
E era uma vez um belo sonho. Meu balão inacabado se transformara em tiras se
rasgando. Não satisfeita com isso (e tamanho foi o meu estupor, que nada fiz) ela
me pegou pelas pernas, pelos braços e me atirou no meio da sala.
— Quando eu falo é para obedecer.
O diabo se soltou dentro de mim. A revolta estourou como um furacão. No
começo veio uma simples rajada.
— Sabe o que você é? É uma put@!
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Ela colou o rosto ao meu. Seus olhos dispendiam fagulhas.
— Repete se você tem coragem.
Destaquei bem as sílabas.
— Pu-t@!
Ela apanhou a mão de couro sobre a cômoda e começou a me bater sem
piedade. Virei as costas e escondi a cabeça entre as mãos. A dor era menor que a
minha raiva.
- put@! put@!
Ela não parava e meu corpo era uma só dor de fogo. Foi quando entrou
Antônio. E correu em auxílio de minha irmã que estava começando a cansar de
tanto me bater.
Segunda:
Sentado da soleira da porta eu contava as lagartixinhas branquicelas na
parede e desviava a vista para olhar Papai.
Somente naquela manhã do Natal eu o vira tão triste. Precisava fazer alguma
coisa por ele. E se eu cantasse? Eu poderia cantar bem baixinho que iria, tinha
certeza, melhorar o seu abandono. Passei o repertório na cabeça e me lembrei da
última música que aprendera com seu Ariovaldo. O tango; o tango era das coisas
mais bonitas que eu já ouvira. Comecei baixinho:
“Eu quero uma mulher bem nua
Bem nua eu a quero ter...
De noite no clarão da lua Eu quero
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o corpo da mulher...”
— Zezé!
— Pronto, Papai.
Levantei-me prestamente. Papai devia estar gostando muito e queria que eu
viesse cantar perto.
— Que é que você está cantando? Repeti.
— “Eu quero uma mulher bem nua...”
— Quem ensinou essa música a você?
Seus olhos tinham adquirido um brilho fosco como se fosse ficar louco.
— Foi seu Ariovaldo.
— Eu já disse que não queria que andasse na sua companhia.
Ele não dissera nada. Acho que nem sabia que eu trabalhava de ajudante de
cantor.
— Repita de novo a canção.
— É um tango da moda.
— “Eu quero uma mulher bem nua...”
Uma bofetada estalou no meu rosto.
— Canta de novo:
— “Eu quero uma mulher bem nua...”
Outra bofetada, outra, mais outra. As lágrimas pulavam dos meus olhos sem
querer.
— Vamos, continua a cantar:
— “Eu quero uma mulher bem nua...”
Meu rosto quase não se podia mexer, era arremessado. Meus olhos abriam-se
para se tornar a fechar com o impacto das bofetadas. Eu não sabia se devia parar ou
se tinha de obedecer... Mas na minha dor tinha resolvido uma coisa. Seria a última
surra que eu levaria, seria a última mesmo que morresse para isso.
Explicação:
Resumo: a primeira foi a Jandira que deu e a segunda foi o papai.
Resposta:
A primeira surra Jandira deu em Zezé porque ele estava demorando para ir comer, de tanto esperar Jandira e Zezé começaram a brigar e Jandira começou a bater em Zezé enquanto ele xingava ela. A segunda surra o papai deu porque o Zezé estava cantando uma música “inadequada” e o papai começou a bater na cara de Zezé.
Explicação:
Eu li esse livro ano passado mas espero que ajude :)