• Matéria: Português
  • Autor: mercadolins2013
  • Perguntado 5 anos atrás

INSÔNIA INFELIZ E FELIZ
De repente os olhos bem abertos. E a escuridão
toda escura. Deve ser noite alta. Acendo a luz da
cabeceira e para o meu desespero são duas
horas da noite. E a cabeça clara e lucida. Ainda
arranjarei alguém igual a quem eu possa
telefonar às duas da noite e que não me maldiga.
Quem? Quem sofre de insônia? E as horas não
passam. Saio da cama, tomo café. E ainda por
cima com um desses horríveis substitutos do
açúcar porque Dr. José Carlos Cabral de Almeida,
dietista, acha que preciso perder os quatro quilos
que aumentei com a superalimentação depois do
incêndio. E o que se passa na luz acesa da sala?
Pensa-se uma escuridão clara. Não, não se
pensa. Sente-se. Sente-se uma coisa que só tem
um nome: solidão. Ler? Jamais. Escrever?
Jamais. Passa-se um tempo, olha-se o relógio,
quem sabe são cinco horas. Nem quatro
chegaram. Quem estará acordado agora? E nem
posso pedir que me telefonem no meio da noite
pois posso estar dormindo e não perdoar. Tomar
uma pílula para dormir? Mas e o vício que nos
espreita? Ninguém me perdoaria o vício. Então
fico sentada na sala, sentindo. Sentindo o quê? O
nada. Eo telefone à mão.

Mas quantas vezes a insônia é um dom. De
repente acordar no meio da noite e ter essa coisa
rara: solidão. Quase nenhum ruído. Só o das
ondas do mar batendo na praia. E tomo café com
gosto, toda sozinha no mundo. Ninguém me
interrompe o nada. É um nada a um tempo vazio
e rico. E o telefone mudo, sem aquele toque
súbito que sobressalta. Depois vai amanhecendo.
As nuvens se clareando sob um sol às vezes
pálido como uma lua, às vezes de fogo puro. Vou
ao terraço e sou talvez a primeira do dia a ver a
espuma branca do mar. O mar é meu, o sol é meu,
a terra é minha. E sinto-me feliz por nada, por
tudo. Até que, como o sol subindo, a casa vai
acordando e há o reencontro com meus filhos
sonolentos.
LISPECTOR, Clarice. A descoberta do mundo. Rio de Janeiro:
Rocco, 1999, p. 69.
O período que inicia o segundo parágrafo do texto
(“ Mas quantas vezes a insônia é um dom.") é
introduzido por uma conjunção coordenativa
A aditiva, indicando soma.
B explicativa, indicando justificativa.
с
alternativa, expressando exclusão.
d
adversativa,expressando oposição
e
conclusiva,expressando conclusão ​

Respostas

respondido por: borboletagamer
1

Resposta:

letra D

Explicação:

sempre que a conjunçao mas vem no começo do paragrafo é uma coordenaçao adversativa

Perguntas similares